Teu olhar, que beijo,
em pétalas se desfaz.
Bem-me-quer, tu queres,
mal-me-queres, tanto faz.
Minto! Desejo-te loucamente
ainda agora, quem me dera fosse antes!
Dos teus sonhos aos teus beijos,
quero-te, louca amante!
Temo ousar a morte, amor,
sem ao menos ter vivido
Mas me mata ousar amar-te
e não ser correspondido!
Já sonhou Platão
ao esquecer-se dos sentidos:
todo o amor que temos
(e o amor que, então, sentimos)
é apenas um espelho
do verdadeiro Amor, implícito…
Procurei o Amor platônico
nos teus olhos, escondido.
Será que errou Platão?
Sim, perdeu todo o sentido…
Desejei, então, o espelho
onde o amor, que sinto, arde!
Não bastou-me os sentidos,
pois, amor, já era tarde!
Encontrei, sim, o espelho
E, no espelho dos teus olhos,
encontrei todos os sentidos!
Mas do verdadeiro Amor,
amor,
só encontrei cacos de vidro…