Quando Itamália enlouqueceu,
Pôs-se no Liberdade a sonhar…
Queria briga com o Rei,
Queria aos mineiros um mar…
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se em farda e lamaçal…
Brancaleone tapuia ensandeceu,
No chafariz pôs um submarino a singrar…
E no desvario seu,
Uma vez mais pôs-se a delirar…
Com capitães-de-bravata ao léu,
Uma praia da Bahia iria roubar…
E, como Moisés, ao Rei prometeu:
“As águas de Furnas irei desviar!”
Itamália estava perto dos seus,
Os seus sonhavam com um mar…
O topete que Deus lhe deu,
Salta sempre e dança no ar…
Itamália ainda briga com o Rei,
Os mineiros ainda esperam um mar…
(Variação sobre “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens)