Rua da Paixão ( e outros poemas)

Tua beleza é como frescor das manhãs de maio
Alivia e penetra fundo na alma ladina
Florindo cada canto do mundo
A espalhar tua presença
O sol que aparece no horizonte
A invadir com seus raios incandescentes
A escuridão da noite calma e vazia
Já vem trazendo você em teus braços calorosos
O mundo se abre para tua aparição
Desfilas tua cor dourada em teus reflexos
Como flores a valsar no campo silente
Balançando com suavidade e realeza
Tuas curvas geometricamente calculadas
A encher de lágrimas os olhos desejosos
Reluz a criação do perfeito ser amado
Recriado em teu corpo de escultura mulher
Cada passo macio na terra molhada de orvalho
É como um bater de tambores rítmicos
De compasso presente e afinado ao coração
Que bate, bate, bate no compasso da paixão
Teus olhos espelhos do paraíso imaginário
Tua boca o Jardim do Éden no calor do verão
Teus cabelos os rios serenos em que me banho
Teu corpo luz da neblina sedução
Ah… você a passar como um pássaro a voar
É o dia que começa para nunca terminar
Sou vento agora a ti acompanhar
A roçar nos teus tecidos finos de seda branca
Iluminas a rua da paixão com tua luz
Com teu sorriso e boca inebriante
Um olhar teu basta, já posso morrer
Descansar e entregar-me a tua lembrança
Quantas vezes desejar passar nesta rua
Serão iguais aos momentos que ficarei a te espreitar
Pois vida de amor é rua que se passa todos os dias
Ao te ver indo e vindo te amar
****A viagem do rio amor****
Pensei no rio que me mostrastes
Nas suas águas benevolentes
Que viajam a lamber as encostas
Moldando nosso amor tardio
Quanta vida em teu corpo caudaloso
A carregar sementes do ontem
Esparramando ao trote das pedras
Nossas ilusões de amanhã
Curvas sem fim a subir e descer
No salto espaço de sua imagem
Engolindo e varrendo raízes cansadas
Do jatobá solitário
Riachos de verde esperança
A beijar afluentes de paixão vertente
Rios cheios de emoção do desejo
A se entregar ao mar de amor
Ah…O Mar… o mar sublime vastidão
Insondável vai e vem de beijos de sal
Sobre o sol nascente da nova aurora
Majestosa fonte de sôfregas lembranças
Do rio que um dia foi nascente
Ao mar eternamente nosso amor
A lavar em cristalina forma
Nosso futuro de crepúsculo ardor

*****Flor de descoberta*****
Não consigo olhar para as flores frescas
E deixar de lembrar de sua beleza
Sutil cores a cintilar a íris imaginária
Elevando minha alma ao estágio de leveza
Flores de azuis tonalidades em escalas simétricas
Comparáveis ao desabrochar de momentos íntimos
São como descoberta de minutos eternidade
Admirados pôr meus olhos sedentos de ti
Quando penso em sua realeza
Da prima semente pequena e frágil, tenra e macia
Penso na linda mulher dos campos transformada
A balançar na teia do vento roçando sua face ao céu
Encantos de sonho desejo insistem em lembrar-me daquele brilho
Do raio de brilho luz que se esvai a fugir do seu olhar languido
Atingindo como flecha afiada ao meu peito observador
Impedindo veios de esquecimentos matreiros
Ver-te ali, foi como desabrochar de todos os campos
Cobertos de cores de misturas de arcos de tela
Arrebanhando minha atenção eterna
Prisioneiro agora de tua imagem de estrelas
Verde caule a jorrar folhas de macia espécie
Pétalas aveludadas de face aspirada ao fundo
Milhares de sentimentos pólen de delícias carinhosas
Podia ficar este resto do infinito a detalhar sua forma
Observei sua estatura de girassol inebriante
Fiquei como estivesse diante do êxtase
E que dele explodiria, minhas lembranças de madeira
Febris e entorpecidas aos pés da realização
Agora é só fragrância de doce estímulo
Já que é flor colida do jardim do éden
Levada pelo destino aos recantos remotos