Pouco valem as palavras
quando dormem em poemas;
certamente quando escrevo
flor, pássaro, mar, amor
estarei fora do mundo
e assim essas palavras
que em poesia me entorpecem
não me convencem na vida:
não têm valor facial,
não são paracetamol
para as dores de cabeça,
não me trazem nada novo
ainda que desenterrem
dos confins mais comovidos
versos porventura belos
e seguramente inúteis.
Pouco valem as palavras
salvo aquelas que perguntam
pode dizer-me o caminho
para nunca mais ser visto?