O sexo é o cerne do que significa ser humano. É de vital importância para quase todos nós. É uma força motriz na vida diária (mesmo quando estamos celibatários) e seus mistérios são infinitos. Por isso também é estranho ver como – via de regra – a ficção erótica raramente é levada a sério, tanto por escritores quanto por leitores. Romances ou contos eróticos inteligentes, bem escritos são uma coisa muito rara.
Para escrever bem sobre sexo, é preciso resistir à versão da sexualidade como ela é jogada na nossa cara todos os dias pela publicidade e, em certa medida, pela moda. Acima de tudo, resistir à ideia de que só podemos estar envolvidos e interessados na superficialidade e perfeição. Como podemos fazer do sexo – tanto na página como na vida – menos uma performance e mais uma fonte de comunhão com nossos sentidos e natureza? Como podemos ir mais fundo?
Aqui estão algumas das melhores dicas para escrita de narrativas eróticas (a serem tomadas com um toque de ironia):
- Respeite o gênero. Respeite o leitor.
Escreva sobre sexo com o mesmo cuidado com que você escreveria sobre qualquer outra coisa. Suponha que o leitor queira – e seja capaz de apreciar – algo além do repertório pornográfico. Não há nada de errado em excitar os leitores através do que você escreve, mas tente envolver todos os sentidos.
- Esqueça o tamanho.
Não fale sobre a “prestação” do herói ou sobre sua virilidade. Além de não trivializar a feminilidade em descrições anatômicas ridículas.
- Evite clichês.
Talvez uma das coisas mais difíceis quando se trata de literatura erótica. Tente escrever algo novo, algo agradável. Mostrar algo que o leitor não poderia ter conhecido de outra forma.
- Menos é mais.
Evite a descrição excessivamente detalhada dos atos sexuais: a mecânica não é o aspecto mais intrigante. A dinâmica emocional entre as pessoas é muito mais intrigante. E cola o leitor à página.
- Keep it real.
Duas pessoas bonitas tendo um encontro sexual pirotécnico: essa é a coisa menos interessante que você pode pensar. A chave para uma cena de fantasia está na tensão e no potencial de confronto ou conflito. Então é melhor que os personagens se sintam desconfortáveis, zangados ou intimidados em uma cena de sexo. Segue-se que pouco importa se um homem não é superdotado ou usa óculos. Assim como uma mulher com seios baixos ou quadris largos. Somos atraídos mutuamente pela escuridão, estranheza e vulnerabilidade.
- Quando você escreve uma cena de sexo, você envolve seus cinco sentidos.
A linha curva de um quadril. O cheiro da pele. O cheiro de graxa de sapato. O som da chuva no telhado. A doçura da grama em um campo. Uma fantasia requer um certo imediatismo. Coloque o leitor no mesmo plano que o seu personagem.
- Refine a arte do diálogo.
O segredo é agir como se o leitor tivesse que tocar a cena. Qual é a fantasia que esses amantes estão vivendo? Que tensão explode entre eles? Que segredos, desejos, ressentimentos, inseguranças, memórias estão em jogo?
- Leve o leitor para outro mundo.
Muitas vezes lemos sobre o poder que a narrativa tem, de fazer as pessoas viajarem com o pensamento: não há razão para que a escrita erótica não siga esta visão.
- Evite o exagero.
Mesmo as cenas mais extremas devem ser contadas no estilo mais medido possível.
- Escreva a sua fantasia. Torne-a autêntica.
Se você está trabalhando em uma cena de sexo e não se sente envolvido, provavelmente não será uma cena muito eficaz. Se você não for pego na escrita, há uma boa chance de que o leitor também não seja pego na escrita. Pelo contrário, tente escrever o que realmente o move, por mais estranho que seja: os leitores geralmente ficam impressionados por sua vez. Você não pode fingir, ou mesmo jogar pelo seguro. Você tem que ser corajoso.
Nada é mais sensual do que a autenticidade, a disciplina, a inventividade e a profundidade. Comece a trabalhar e comece a melhorar a sua ” escritura erótica “.