A Terra Brasilis e o Super-Homem

Recentemente, assistindo a um famoso telejornal de uma grande emissora, tive a informação de que o Pantanal e uma determinada área da Amazônia foram consagrados com o emérito título de Patrimônio da Humanidade. Ora, será que o mundo finalmente está reconhecendo os valores que a nossa terrinha tupiniquim tem?
Bom, é no mínimo de se estranhar. Como diria Maria do Socorro, mulher de sabedoria popular que trabalha aqui em casa, “esmola demais, santo desconfia”. E bote sabedoria nesse ditado popular. Se com esmola demais, até santo desconfia, imagine nós, que de santo não temos nada. Ou melhor, só os nomes que nossos pais nos dão, como o da trabalhadora senhora a que me referi. E às vezes nem isso.
Quem foi que nos concedeu o honroso título? Perguntaram ao nosso povo, dono desse pedacinho-de-chão continental, se eles queriam que sua terrinha fosse dada como Patrimônio da Humanidade e não “Patrimônio do Povo da Terrinha Tupiniquim”? Sim, porque a turminha daqui que não tem patrimônio nenhum soltaria fogos quando soubesse de uma notícia dessas. Mas a quem interessaria isso, não é?
Não é preciso ser nenhum maníaco pela informação ou intelectual para se saber que os nossos irmãos lá de cima já há algum tempo andam doidos para meterem seu bedelho no nosso pé-de-meia. Para isso, andam procurando uma desculpa aqui, outra ali. Às vezes dizem que o Estado não toma conta do que é seu, outras vezes que o terreno não tem dono. Mas sempre aparece um doido pra dar um chega-prá-lá neles.
Mas agora não, agora é diferente, meus amigos. A Amazônia e o Pantanal são legítmos Patrimônios da Humanidade! Como tal, será dever da humanidade assegurar “a devida integridade” dessas matas. E quem é que vai representar a humanidade, quando for cuidar do que é dela? Um anjo, mandado por Deus, que regerá segundo seus ditames divinos o que será melhor para as nações de todo o mundo?
Não sei, isso me cheira mal. E não estamos num elevador lotado cheio de jogadores saídos de uma partida de futebol. Pra mim, os “protetores do mundo”, “mãe da humanidade” e detentores até da nacionalidade do super-homem (bem como de super poderes nem mesmo ao homem de aço conferidos) é que vão querer dar um jeitinho nessa história toda. Se não por livre e expontânea vontade, por livre e expontânea pressão, utilizando-se de seus super poderes. E o pior: nós não temos a danada da criptonita!
Como diriam alguns amigos, “Se a mulher é minha, eu cuido dela! Se não, vem um espertalhão e passa a mão!”. E não é que eles estão certos? Parece que nossa mulher, uma morenaça por sinal, o mundo inteiro está querendo faturar. Já começaram os galanteios até. E se a perdermos, não vai adiantar querer encher a cara para esquecer, porque ela vai estar sempre passeando com o urso diante de nós. Na verdade, dentro de nossa própria casa.