Leio no Terra – lê-se cada coisa no Terra – que o Bobbit, quer reaver a arma (não está claro se faca ou tesoura) que lhe causou tanta notoriedade. Bobbit, todos haverão de lembrar não sem um certo arrepio, é aquele ex-fuzileiro-naval americano que teve o pinto decepado pela própria mulher e, mercê da moderna medicina e uma sorte desmedida – aqui entre nós, o rabo virado para a lua – conseguiu tê-lo reimplantado. Consta que a operação teve tamanho sucesso que lhe permitiu participar de um filme pornô, se bem que a matéria não fala qual o papel.
Claro que ele está atrás de algum dinheiro, a matéria fala em três milhões de dólares, o que já deve acertar a conta do armazém. Mas como será o encontro entre os dois? Imagino algo como a conversa entre o pescoço e a guilhotina, só que numa posição mais favorável ao pescoço. Haverá na tesoura algum remorso? Algum arrependimento? Ou estará ela frustrada pela reversão de seu ato?
Seu objetivo é ter de volta a arma do crime que está retida no tribunal em que sua mulher, a autora do corte, foi julgada e absolvida. De posse da arma branca, após uma conversa de desagravo, pretende vendê-la de modo a obter a importância mencionada. Bem, que ele queira faturar seus três milhões como uma compensação pela ausência que teve que suportar, parece razoável. Para quem já passou vexame de ter o pinto cortado, jogado fora, recolhido, costurado e ainda se prestou a um filme pornô, reviver a história é o de menos. Mas fico imaginando quem se disporia a gastar três milhões de dólares para ter a tal arma. Notem que não estou duvidando, estou certo de que haverá um ou mais doidos interessados. O que farão com ela? Expor em um museu? Talvez ao lado das fotos. Bobbit e sua mulher, Bobbit sem o pinto, Bobbit com o pinto, talvez uma animação reconstituindo o ato da degola. Outra relativa ao pinto e uma versão infantil, onde o pinto ganhe sorrisos e conte uma versão atenuada da história. Não há limites para a imaginação. Naturalmente, eu não ficaria espantado se o comprador criasse o memorial da tesoura, algo como um parque temático e recuperasse o investimento rapidamente e com vantagem significativa. Longe de mim a dúvida de que façam fila para visitar o lugar.
Considerando as perspectivas financeiras envolvidas, imagino que em breve haverá nova luta com a mulher que alegará que a faca é dela, que dela foi a idéia, que seu ato foi legítimo segundo reconheceu a própria justiça.
Não sei não. No lugar dele eu acharia melhor evitar esta senhora.