Dia do Professor

Comemora-se, em 15 de outubro, o Dia do Professor. Nada ou quase nada temos a comemorar. Nossos governantes pouco estão preocupados com a cultura do povo brasileiro.
“Um salário de fazer inveja a qualquer outra classe profissional.” Desculpem a ironia!
Foram-se os bons tempos em que o professor era valorizado. E era também muito respeitado pelos alunos.
Havia uma amizade bonita entre aluno e professor.
Os pais confiavam nos mestres, a ponto de dizer : Que o mestre era o 2º pai ou mãe de seu filho.
Hoje, há pouca consideração, tanto da parte dos alunos, quanto dos pais, para com o educador.
Indubitavelmente este profissional tem o seu valor, tem seu mérito, pois muito colabora para nossa cultura.
Instruindo incansavelmente e com muita dedicação a nossa juventude.
Tenho uma convicção: desde a mais elevada profissão até a mais simples de todas, devem muito aos nossos educadores. Desde o pré até o graduado, têm seus mestres orientando em coordenação motora, ajudando na dicção da voz e na orientação profissional.
Alfabetizar é tarefa difícil, só um profissional consegue com seu dom de mestre, com suas técnicas aplicadas e o amor à profissão.
Eu fui professor do antigo primário, de março de 1968 até março de 1976. Quem não se lembra do seu primeiro professor ou professora ?
Eu lembro muito bem da minha. Quando adentrei à sala, minha amiga professora dona Zélia, em Mandaguaçu, no Paraná, me recebeu com muito carinho. (Naquele tempo entrava direto no primeiro ano, sem antes passar pelo pré). Ela levantou-se de onde estava, vindo até à porta e disse-me: Oi! Querido, que bom que você veio. Seja bem-vindo.
Me pegou pela mão e me colocou pra sentar numa carteira que estava vazia ali bem pertinho dela.
Eu fiquei atento a tudo que ela falava. Em dados momentos, ela vinha pra junto de mim, pra ensinar-me a fazer uns risquinhos, ainda não era a primeira letra que ela me ensinava. E, sim, treinamento de coordenação motora. Ensinou como pegar no lápis, pra quê servia a borracha e mostrou onde ficava o banheiro. Engraçado! no primeiro dia de aulas a gente fica preocupado com a pontinha do lápis, com a borracha, com os pertences.
Eu confesso que não dei muito trabalho pra ela.
Logo, bem logo, eu já lia a cartilha. Em poucos meses eu li o primeiro livro intitulado: “Primeiro Livro da Coleção Sodré”. E, no fim daquele ano de 1954, eu prestei exames. Fui aprovado e promovido para o 2º ano do antigo Curso Primário. Recordo como se fosse agora: após o exame ela veio pra contar o resultado, e deu-me de presente uma linda caneta. Eu fiquei feliz, e ela também.
E ao dar a notícia para os meus pais, eles também não pouparam elogios à minha querida professora.
Num gesto de reconhecimento papai ofereceu um presente de fim de ano pra ela. Ao todo, estudei 11 anos e nunca fui reprovado nem um ano.
Graças a Deus em primeiro lugar, depois aos meus pais e professores.
Infelizmente, não pude ir a uma Faculdade, por dificuldades financeiras.
Mais tarde, ou seja: 14 anos após eu ter entrado pela primeira vez naquela sala de aulas, eu também entrei numa sala, só que pra dar aulas. Fui professor durante 08 anos.
Há tantos mistérios nesta vida, que só Deus sabe.
Puxa! Eu fiz o que gosto. Gosto de ajudar, ensinar, a quem quiser uma orientação naquilo que esteja ao meu conhecimento. Até hoje eu ajudo orientando as pessoas que me procuram. Ajudo crianças a pesquisar seus trabalhos escolares até pela Internet. Isto é muito gratificante.
Meus ex-alunos são hoje: médico, padre, professores (eu disse professores, porque são vários professores), engenheiro agrônomo, freira etc.
Eles têm muita consideração pela minha pessoa.
Na data de meu aniversário recebo deles: cartões, cartas e ligações telefônicas e tele-mensagem.
Infelizmente há em certas regiões do país professores ganhando, pelo serviço prestado, menos que um salário mínimo.
Que pena! Senhor Presidente da República do Brasil, olhe pra isso!
Tenho muito a falar mas devo engolir em seco, se continuar falando, a partir de agora eu posso desmoralizar o Legislativo, Executivo e o Judiciário da Nação.
Por isso mesmo encerro por aqui.
Parabéns! Queridos mestres.
Escreveu o ex. professor, ex-aluno (atualmente aposentado), com muita dedicação e com certeza ajudou na cultura de nossa gente.