Flanelinhas e Andantes

Qualquer motorista ou pedestre, encontra, pelas ruas cálidas da cidade, dezenas de pedintes, andantes e vendedores infelizes de chocolates, balas, panos e de inimagináveis produtos, nas esquinas, nos cruzamentos, sob as pontes, nas quadras, sob os edifícios e em tantos outros lugares conhecidos de todos. Ou de pessoas que apenas querem viver, trabalhar e um pedaço de chão para morarem. É trágico, sem dúvida. O Brasil não é o único País no mundo a gozar deste maldito privilégio. Alguns até se aproveitam da boa-fé e do espírito de solidariedade do brasileiro. Alguns, apenas, repito!
A maioria, porém, está a povoar estes sítios, por absoluta necessidade. Tenho-me dado ao trabalho de fazer uma pesquisa e uma simples indagação a esses flanelinhas e aos infelizes pedintes ou excluídos, usando até esta expressão muito em moda, atualmente. Pergunto-lhes: o que desejariam ou de que precisam para serem felizes? Pasmem, mas a resposta uníssona é sempre a mesma: Querem apenas saúde, porque tendo-a, poderão trabalhar e sustentar-se e à família, e, portanto, terem os poucos ( não muitos ) bens de que carecem. E eles têm trabalho, pergunto? Em menor quantidade, a resposta tem sido mais objetiva. Querem apenas trabalho. Qualquer que seja. Será muito? Impossível? Não dá para acreditar que coisas tão simples possam ser resolvidas de maneira tão simples, sem falsas ou estrondosas teorias sócio – econômicas ou de risível blá – blá! É preciso apenas vontade política. Não há que se distribuírem sacolas ou sacolões, cestas básicas ou darem-se esmolas. Faz-se necessário proporcionarem-se empregos. É o que querem e de que necessitam. Não ficarão assim as ruas infestadas de pessoas que, para alguns privilegiados pela sorte, não passam de um incômodo fardo. Há remédio? Naturalmente. Tudo é possível, pois o homem é o único ser vivente que pode transformar e modificar a realidade em que vive, de forma consciente. Nada é impossível. Sonho, ilusão, utopia? Absolutamente. Basta que os governos e as pessoas gastem menos com as coisas supérfluas, sejam mais solidários, menos egoístas e passem a criar melhores condições de vida e mais empregos e nada mais.