Fui Mãe na Adolescência

Minha experiência como mãe começa quando passei no vestibular e fui morar longe dos cuidados de minha família Irresponsável e movida pelo pensamento de que “isso não acontece comigo”, não me cuidei e engravidei aos 19 anos.
O pai de minha filha, Reginaldo, sempre foi um namorado maravilhoso, daqueles capazes de buscar a lua se preciso. Adorava crianças e dizia me amar sem limites. Hoje é o meu marido.
Quando fiz o exame e tive certeza de que seria mãe, fiquei, ao mesmo tempo, feliz e preocupada. Feliz porque estava gerando uma vida e isso, afinal de contas, é sempre motivo de alegria. Mas, por outro lado, essa nova vida modificaria todos os meus planos. De repente me vi entre dois grandes problemas: ver o meu namorado se transformar num sapo e notar os sonhos dos meus pais de me ver formada e “alguém” indo pelo ralo abaixo.
Não foi nada fácil. Contei ao Reginaldo e ele ficou muito bravo, disse que a culpa era só minha e me fez sofrer demais, terminou o namoro e, por várias vezes, afirmou não ser o pai da Júlia. Minha maravilhosa mãe (não tenho nem como descrevê-la e tampouco palavras para dizer o quanto é especial) esperou o melhor momento para contar ao meu pai (eu já estava no 5º mês de gravidez), que disse que eu teria de me casar. Nesse momento minha cabeça entrou em parafuso, eu não sabia o que fazer e nem onde morar.
A avó paterna de minha filha, Maria, uma mulher fenomenal, convidou-me para morar em sua casa. Mas como, se o filho dela só me maltratava? As coisas foram caminhando para isso e Reginaldo e eu começamos a nos entender. Foi assim que me mudei mais o barrigão para lá. Maria comprou todo o enxoval da Júlia, sempre foi o meu anjo da guarda.
Passei nove meses traumatizantes. Meu único consolo era pensar que com o tempo e o nascimento do bebê as coisas melhorariam. Tive a sorte, também, de contar com o apoio incondicional de minha mãe e da Maria por todo o tempo.
Júlia realmente trouxe a alegria de volta para minha vida. É uma menina linda e muito inteligente, a minha razão de existir, a felicidade do pai e o xodó dos avós. Seu sorriso apaga qualquer tristeza. É, sem dúvida, o melhor presente que eu poderia receber. Até meu casamento melhorou e somos, agora, uma família muito feliz.
Hoje, depois dessa experiência, posso atender todo o cuidado que minha mãe tem comigo e o porquê de seus conselhos que, às vezes, parecem sem lógica, para me prejudicar. Mas não, ela só quer o meu bem.
Ser mãe é mesmo, como diz o ditado, “padecer no paraíso”. Após a chegada de Júlia, percebi que as mães vivem mesmo para os filhos, acho que é assim, procriando, que uma mulher aprende a dar valor à própria mãe.
Aliás, diga-se de passagem, o nome da minha super-mãe é Ruth e agradeço a Deus todos os dias pela existência dela. Sem mamãe eu jamais teria as qualidades que tenho, ela me ensinou tudo de bom que hoje sei. E é por isso que digo: Mãe, muito obrigada por tudo mesmo…
Deixo aqui registrado um pouco da minha história para que todas as adolescentes possam entender e ouvir suas mães. Mesmo que pareça estranho, elas só querem o nosso bem, acredite, falo por experiência própria…