A Invasora

Abri os olhos esta manhã e descobri que estava sendo tocada por ela. Foi assim, de repente, sem me mover, que a senti percorrendo meu corpo. Cada pelo e cada poro meus,dela, estavam impregnados. Ela estava travestida de lençol invisível e me cobria tão completamente, que me fez consciente de estar nua. Não pude me mover. Não conseguia pensar em nada, apenas sentir. Ousei pedir explicações pela inesperada aparição, mas agiu em conformidade ao seu estado de fantasma e apenas ficou rente, colada. Pesando uma tonelada sobre mim, quase sufocando meus ais, foi tomando-me de assalto e criando ondulações em meu peito, arrepiando-me os seios e agarrando minhas coxas, que não tinham mais nenhuma vontade própria. Tudo era dela. Enquanto não pensava na resistência, o coração viajou para longe. Escutei tua voz, sons fortes e profundos a me provocar desvario e desejos tântricos. E ela pressionava meu corpo, enquanto te escutava dizendo “está quente aqui…”. Me ouvi dizendo teu nome e te pedindo volta logo… volta logo… Na cama, meu corpo contorcendo-se devagar se esparramava, abrindo-se e fechando-se em janelas e portas, todas de entrada. Fui invadida por ela. Imagens, sons foram ficando difusos em minha mente. Tua mão me tocando…é tua mão me tocando…calor e frio senti naquele instante, acordada. Deves me achar maluca, te disse pela milésima vez e tua boca desenhada respondeu, quase grudada na minha ” só um pouquinho…só um pouquinho”. O sol atravessou por uma fresta da janela do quarto e pousou na beira da cama; queria ser testemunha da minha rendição. Fechei os olhos e deixei que ela produzisse seus efeitos sobre todo o meu ser. Ela penetrando…penetrando… e era tua extensão que me alcançava. Sufoquei um grito e misturei os nomes. Em vez do teu, chamei o dela e descobri que eram iguais…
Saudade!… saudade!…disse no meio do êxtase.