Moinhos

Tardio, me atraso para o encontro com minha alma e pego a lotação ainda em movimento, correndo riscos e me expondo a tudo. Da janela, o mundo veloz me mostra que ainda me movo através dele, apesar de minha aparente inércia residual. Do dentro, uma vontade de me deixar alhear como telespectador, sem o com o enredo de que me afasto, medroso. Um vento leve me refresca o rosto e eu sinto o mundo todo percorrendo-o: um mundo tátil, assombrado consigo mesmo e com doses cavalares de Valium no sangue, para anestesiar a vida. De que vale este texto? De que vale acordar no meio da madrugada, se o incandescente da lâmpada é insuficiente para nos iluminar o caminho? Há razão em questionar o mundo? Há tantos moinhos, meu Deus…