Minha terra não tem palmeiras,
Muito menos sabiá,
Sofria na lida dureza,
Por mês duzentos “reá”.
Tava conformado na vida,
Até ver o Juiz Nicolálá,
De graça estudou torto e direito,
E ficou rico de tanto “roubá”..
Na vida chance tive nenhuma,
Por isso vim de lá para cá,
Sou pobre, pardo e iletrado
Honesto, não quero “furtá”
Estrelas, bosques e flores?
O que eu faço com um sabiá?
Do suor quero justo dinheiro,
Na garagem Mazda “Miatá”.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que volte prá Itaquá,
E dizer prá todo mundo,
Venci trabalhando sem “enganá”.
Minha terra tem Palmeiras,
Vasco , e Eurico “Mirandá”.
Urubus que lá gorjeiam,
Até quando vão ladrar?
Gonçalves Dias se vivo fosse talves escrevesse assim a sua canção do exílio. Aquela do: “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá…” o hino do nacionalista exaltado vulgo ufanista.
Me perdoa sr. Ufanista mas não posso me segurar, citando outro ilustre brasileiro , Machado de Assis, e atualizando para os tempos de hoje, se escrevo tudo isso com o teclado da galhofa e as tintas “ink-jet” da melancolia não é para demonstrar erudição, apenas para para dar um basta e postular.
Chega de berço esplêndido, coisa que nunca tivemos, nós não somos o melhor nem o pior, se é que se pode dizer isso de um povo. Nós temos Rio, MPB, futebol, Amazonas e carnaval, os outros tem Mônaco, tango, rugby, floresta Negra e matsuri sob o sol.
Somos diferentes como todo mundo é igual. Temos sim, muito o que aprender e muito a ensinar. De tanto bater na tecla do ufanismo, furamos o papel do bom senso e ficamos ébrios sem nada a nortear.
Se um estrangeiro não conhece uma terra, a boa norma diz, não fale mal, seja educado faça elogio a ela. Mas se você paga impostos aqui ou acolá, tem todo direito e dever exigir o justo e cobrar.
Um outro equivocado disse que fingir que problemas não existem ajuda a construir o Brasil. Se dito fosse por FHC , ACM ou mesmo o quase ex Mori premier não me causaria espanto,até me contorceria de tanto rir , mas vindo de alguém que se ufana, me descontrola pois te contradiz.
Não temos espírito de coitado, o coitado que o Sr diz : o hábito de reclamar de coisas que não temos posso citar outros nomes na língua do lácio, talvez inveja, cobiça, ilusão ou seria soberba, preguiça ou o cão?
Nao é coisa de brasileiro já existia desde os tempos de Caim e Absalão.
Lembrando disso falam que Deus nasceu no Brasil, outros afirmam Ele mora no Japão (o país divino), para os americanos Ele é o seu Aliado (In God we trust, em Deus confiamos, está no dólar gravado).
Pouco importa, seja de Abraão, Jeová, Buda, Amaterasu ou Alá, se Ele É aquele que É, deveria ter dado a todos sem distinção livre arbítrio, inteligência e razão.
Cabe a cada um usar com sabedoria e justiça como um Salomão.
Humildade sim, essa é uma das virtudes da nossa sofrida gente.
Outra é o humor e a irreverência , fazemos piada de tudo a contente.
Se fossemos realmente nacionalistas com histeria teríamos gerado Hitler, Stalin ou Sadan. Lá, o pai dos pobres, no início o povo não queria.
No final o homem não agüentou.
“Saio da vida e entro para a história”. GV afundou.
Fazemos o escracho e somos faceiro.
Falamos com rima quase cantando.
Eu provo por esse texto, sou brasileiro.
Meu filho que aqui nasceu não entende futebol, português, samba e carnaval.
A única coisa que gosta de lá é Didi Mocó Sorrissal.
Ele entende pois não?
Não precisa de tradução.
O humor do nosso Renato Aragão.