Frederico Romano – O Velho de Guerra

Quem conhece Frederico não pode esquecê-lo. Meu primeiro encontro com ele foi no meu primeiro grande emprego: uma empresinha que vendia uns computadores nada modernos que vivia travando e dando problema mas, trabalho é trabalho e mnha vó já me dizia que reclamar de barriga cheia é muito feio.
Naquela época, tudo era tranquilo. Ninguém precisava saber inglês, espanhol e muito menos coreano para arrumar um emprego. Hoje, nem sabendo polonês fluente tá dando. E naquela época também, saía-se do trabalho e ia-se direto para o bar. Bar onde tocava Cartola, Lupicínio Rodrigues e pagode era Almir Guineto.
Frederico era chegado num happy hour e por isso fazíamos, juntamente com Marcelo Barbosa, um belo trio de pingaiada, ou melhor, pingalhadas.
Marcelo só pensava em mulher. Não podia ver um rabo de saia que ficava doido. Eu e o Frederico também, ficávamos doidinhos quando víamos uma menina passar de mini saia, mas discutindo na mesa do bar, chegamos à conclusão que valia mais a cachaça que a mulher, pois as tais de saia não era para os nossos bico. E então brindávamos e ríamos, enquanto Marcelo sofria na mesa. Às vezes o Marcelo enchia tanta a paciência por causa de uma mulher, que eu ou o Frederico chamava-a na mesa para conversar com o menino, mas quem disse que saía prosa. Ele ficava como um pimentão morrendo de vergonha da mulher. Quem via pensava que a mulher ia tirar pedaço…
Mas essa vida um dia acabou. Certa vez uma linda mulher, carioca, passando pela mesa do bar, jogou aquele olhar devorador em cima do Frederico e nem o porre da cachaça cortou aquele amor imediato. Então a linda donzela roubou o Frederico da mesa e o levou para o nordeste e o Marcelo, tomou um avião da Vasp e foi pro sul do país atrás de uma loira qualquer. Aí sobrou eu aqui, sozinho nesta mesa de bar. Mas enjoei deste bar. Quem quiser me encontrar agora, pode meachar no Café São Paulo, na boca do metrô Santa Cecília, na cidade de São Paulo, lugar este mas conhecido como “Boca do Lixo”.