Livramento

Não há estrelas no meu caminho para Deus.
E nem anjos, nem trombetas, nem túneis luminosos
ou uníssonos corais, no meu caminho para Deus.
No meu caminho para Deus só há o meu quarto,
quatro paredes brancas, um papel de fundo negro,
a dor, uma porta, um abismo para a escada
e a minha tosse de cigarro.
Sem contar este poema triste, esfumaçado, feio,
que ora galgo, trago, fecho, pulo, sopro, fumo
e livro.
Onde me leio, vivo …
onde o escrevo como o escarro.