Platônico

Amo alguém, que talvez
eu nunca vá conhecer
É provável que ele nem exista
ou que, também, como eu
viva uma ausência de amor.
Sinto que o amo!
E, mesmo sem conhecê-lo
habituei-o ao convívio
das minha histórias,
integrei-o aos meus sonhos inúteis,
enquanto dorme em mim
o prazer que desconheço.
Amo-o profundamente!
No núcleo da minha vida
na pureza da minha primeira célula
que abriu-se pra Deus
num sopro de vida!
Amo-o nas manhãs que nascem
sob a sua ausência
quando nenhuma palavra pode ser ouvida
nem a dança do seu corpo
pode ser sentida…
Então sofro a dor
de amá-lo em mim
sem poder amar nele
e ter de continuar
como se não amasse.