Lucidez?

Meu bem, é você?
Senti sua falta, procurei por toda casa e não te encontrei.
Por que fizeste isso?
Olhe, veja o que achei, lembra desse vestido?
Você adorava quando o vestia numa manhã de verão.
Era tão bom, quando podíamos sorrir sem preocupação, sem precisar dar satisfações aos outros.
Corríamos pelos campos como aquelas crianças, olhe lá embaixo…parecem fadas!
Fadas vigiadas por aqueles monstros de branco.
Quem são? Costumam vir aqui todos os dias me interrogar.
Por que? Que casa é essa? Não é a de mamãe.
Sinto frio…as folhas caem, é outono já.
Esse quarto gelado…o que você disse?
Hãã, pensei que tivesse falado alguma coisa.
Você anda calado, está pálido, veja seu rosto.
Por que não sorri?
Nem sequer pisca.
O que fizemos?
Ah sim, agora me lembro, foi você quem me trouxe aqui, não foi?
Cretino, diga a verdade, quero ouvir de você!
Fica aí sentado sem dizer uma palavra, por vezes some
e quando presente com os monstros não me defende.
Não se move…parece não estar aí.
Ódio! Me deixe! Suma daqui! Você me fez ficar assim!
Ssshhh, silêncio!
Está ouvindo? Posso escutar, eles estão vindo.
Irão me interrogar novamente! Por Deus, não!
Aonde você vai?
Me leve com você, eu te amo.
Saiam! O que querem de mim?
O que é isso em meu braço?
Sinto um ardor…
Minhas pernas! Não as sinto! Estou suando…
Não te vejo mais, meu amor, está tudo tão escuro.
Sinto falta do que fazíamos.
Sinto saudades do que não vivi.
Meu bem, você está aí?