O Menino e o Pai

O pai abre a porta
Cheiro de cana
Olhos perdidos no ar
Mãos tremulas
para acariciar não servem
Talvez para machucar
Para desfazer
O sonho de menino
De brincar de carrinho
De ser feliz devagarinho
O pai abre a porta
Cheiro de ódio
Olhos perdidos em cana
Mulher simples
A chorar pelo cantos
Sem qualquer esperança
Acalmando sua cria
Seu filho, o herdeiro
Não de fortunas
Mas de torturas
O pai abre a porta
Cheiro de dor
De sem amor
De paixão perdida
Em copo de cana
Em bar sem dono
Onde ficam sonhos
Desfazendo sonhos
O menino vê o pai
O menino chora
O pai abre a porta
Cheiro de fome
Comida ele não traz
Mulher e menino
Fome sentem
Mas cana não tomam
O que resta é rezar
Pelo pedaço de pão
Do pai então não se zangar
Não descarregar …
O pai abre a porta
Cheiro de maldade
Apenas com sua dor
Ele de maneira brusca
Fecha sonhos para menino
Não mais fantasia
De jogar famoso
De ser rico e belo
Adeus uma esperança
Adeus Futuro do menino
O pai não pode
Abrir a porta
Enterrado foi
Deixou o abrir e fechar
De portas vazias
Para o menino
A mulher está envelhecida
O menino agora é rapaz
Sonhos nunca mais
A cana tornou-se sua amiga
Ó pai não pode
Abrir a porta
A mulher companhia a ele
Foi fazer
E menino, rapaz, homem
Sozinho no mundo
Agora está
Humilde e sem amigo
Pega como companheira
A velha cana
O menino abre a porta
Cheiro de novo ciclo
Agora é pai
Sonhos ele deve moldar
O menino homem
Tem uma rapazinho
Jovem de barbante e carrinho
Ainda ama a fantasia
Ainda espera o pai
Para um beijo poder trocar
O menino abre a porta
Com o cheiro de seu pai
O seu filho ele não quer escutar
Uma conversa com a cana
Ele vai Ter
Mais um sorriso
Ele acaba por findar
Assim como ele
O novo menino
Vai acabar