Ao final a vida a morte celebra
Na floresta já dita esquecida
Jogados em becos muito escuro
Largados frios em valas na terra
Sonhando o céu como abrigo
Deixar a vida como herança
Maldita esta que com dor torturam
Peitos que inúteis segredos guardam
***
Palavras e mais palavras
O mundo se transtorna
Sentimentos vão e vêm
As roupas não mais servem
Os cabelos não mais os mesmos
e o corpo retratado
Ao final,
A mesma pessoa
O mesmo pensamento
O mesmo amor, a mesma revolta
Nada mais importa
Ontem o que incomodava
Hoje me liberta
Acredito que se acorrentar-me
Sem mais apavorar
A chave para voar
Será trazida pelo amanhã
Somente o tempo machuca
Somente o tempo cura
Somente o tempo esquece
***
Rolava sobre sua face
uma lágrima túrgida e lenta
que desbravava um caminho.
Inexplorado, aos poucos seu rosto,
macio, era marcado, por um
rastro límpido e cristalino
Sua tristreza era encantadora.
Estava imóvel, sem saber
de seus sentimentos e pensamentos.
Rolava sobre sua face
uma lágrima que alcança
o final do rosto e sem
saber para onde ir,
enche-se de coragem e salta.
Feliz esta pequena que encontra
a continuação do caminho que
deve seguir.
Ali, imóvel, torna-se mais
sensual ainda
a lágrima percorre o caminho
que qualquer mão de um
homem poderia percorrer,
salvo um.
Outra lágrima rolava,
aproveitando o caminho já feito,
esta descia com voracidade ao
ponto de chocar-se com a primeira.
Em seus olhos a tristeza era nítida.
Nua, esperava por alguém,
que não viria.