Vagas d’Alma

E achando-me desperta inda sonhava
Dos lábios de verbena ingrato ouvi
Lampejos de fúria em teus luzentes
Lascivos faróis d’alma a sorrir.
E chegando tão audaz qual centauro
Não vi se eram os pés ou a face bela
Senti o golpe lúbrico que tudo ardia
Queria homem-ânima e o cruel vertia
Decerto que nas ânsias o bom é Ter
O anjo acariciando e o demiurgo arder
E a lava jorra à luz da ebulição
Se o amor e o estro são a impulsão.
De tudo que a emoção domina e avança
Há que valer o suspiro terno da esperança.