Cultuando a clausura o poeta se inspira
Nos introduz de golpe na poesia
Quem viveu o interregno da efervescência preparatória
Aos mistérios interpretativos do universo do antes e do agora.
Amante dos nevoeiros, dos hermetismos
E do altivo sonho do absoluto
Abandonou os mesmismos, e entregou-se à influência absorvente do baudelairismo.
Dissolvendo em imagens os elementos dispersos na natureza
Os valores esparsos da beleza
Reordenando-os em valores essenciais
Desprendeu os assuntos da estagnação acumulada
Num conceito acidental de retardos orquestrados
Pelo eco e pela surpresa liberados.
Viu o sonho em sua nudez ideal
A impotência criadora da ação consciente do artista “a visão horrível de uma obra pura”
purificando-a com a humana paixão que chora.
Transcendentalizou o mundo
Conferiu simplicidades audaciosas
De extrema beleza e delicadeza
E fez versos com as palavras
Registrando impressões fugidias
Descobriu o vazio absoluto
Venceu em luz e nostalgia
Concretizou seu sonho
Apropriando-se da beleza
Pela lembrança e pela arte.
“Mon cher poét” solitário
de “un coup de dés”
dos enigmas da obscuridade intencionada
foi confrontando o vazio com o nada
registrando suas quimeras
de êxito cintilante
Falo de Mallarmé, revestido de mago
Recheando os versos que trago
Numa vivência estonteante.