Estranho furto

Na noite silenciosa e azulada
No pousar do orvalho sobre as ramagens
Durante o repouso sereno das aves
E no desabrochar das damas da noite,
Quero roubar teus sentidos a mão armada,
Assaltar teu corpo e recolher teus sentimentos
Como larápia discípula de cupido!
Quero pegar-te desarmado
Numa hora qualquer desta noite.
Amanhã não importa!…
Quero que teu coração se surpreenda,
Se assuste e me prenda em teus afetos.
Depois no calabouço dos gemidos,
O tilintar das correntes parindo
No auge dos apertos e abraços sôfregos…
Passarei a vida na cadeia das quimeras,
E nas grades deste grande amor,
Narrando a história de um estranho furto
Entre um homem timido e uma mulher apaixonada.