Do Sanatório

Junto com os sopros perdidos
Da estação dos amores – o Verão. Veremos? – vão-se
As flores inertes do amor pequeno
Que vivemos.
Uma questão de hastes, as distrações de Eros,
E eis-nos agora à parte, novamente operantes
Na arte do esquecimento.
Tranqüilizar os olhos e a coisa que salta
A meio caminho abaixo da garganta. É difícil,
Demanda uma ciência de anos.
Exige expertise em abandonos.
Domar o sangue, exigir menos das circunstâncias,
Entender as ânsias e suborná-las.
Elas só aceitam as rosas futuras.
E falando em rosas rodeadas de formas escuras
– a noite, a penumbra, a moldura que entorna –
Lembremos, confidentes, da rara perfeição que nos
Fez amantes. E façamos com o mesmo sangue corrente
A promessa importante agora: que nos que vierem
não nos busquemos, ausentes.
Sejamos engenheiros de outras perfeições.
Que diferentes sortes e diversas Musas
Não misturem nossos passos. Que os arautos
Das nossas notícias passem ao largo.
E que a ignorância, mãe de todas as esperanças,
Nos amamente.