Mas o que é que esse coração está fazendo, assim, adormecido..? o que é que há que faz ele ficar tão quieto e lento? O compasso das batidas nem sequer escuto.. Acorda, coração! E ainda por cima ficou surdo-mudo.
Enquanto isso, no peitoril da janela, vem o bem-te-vi trazer alento.Canta
Vento
Me pego de novo com essa vontade grande de escrever, colocando parte de minha vida nessas linhas virtuais. Não quero cópias, não quero nada em troca. Apenas poder colocar meu pensamento aqui, depositar todo meu carinho.
Mesmo não estando mais lá fora, posso sentir o vento tocar meus cabelos,
Uma Capivara em Minha Casa
Parece-lhe normal uma capivara entrar numa página do meu texto? Até seria, se eu reunisse conhecimento, ânimo e talento para escrever uma fábula, e isso eu não tenho. Apenas esse computador e papel para impressão, elementos insuficientes para a produção de um texto. Por isso, meu caro leitor,
Para Transbordar, Basta um Grão de Areia
Acordou com o canto do pássaro na janela e sorriu, detrás das pálpebras fechadas. Sabia que o sol espiava para dentro do quarto e a brisa matutina agitava muito levemente as cortinas transparentes. Estirou-se na cama em movimentos lânguidos, depois alisou com cuidado o espaço vazio a seu lado
Os Gays do Jesuíta
Roma. Domingo. Início de maio. Desembarquei com minha mulher no Leonardo da Vinci numa tarde de pouco sol. Apenas um guichê recebia os turistas que, aos montes, chegavam à Cidade Eterna querendo informações. Em compensação, circulando pelos corredores do aeroporto, italianos palavrosos, aos
Condolências para Otto Francis
Morreu Otto Francis, que vocês conheceram de linhas impressas ou de ouvir falar.
Morreu meu amigo Otto Francis. Morreu aos três segundos do dia 1 de janeiro de 2001, ao mesmo tempo em que, no Rio de Janeiro, nascia uma criança sob os holofotes já das câmeras. O primeiro defunto do milênio
Flor do Deserto
“Olha em relevo, estes sinais em mim, não das carícias (tão leves) que fazias no meu rosto: são golpes, são espinhos, são lembranças…”
Carlos Drummond de Andrade
Ele ia de um lado ao outro, se misturando naquele frenesi de pessoas, fingindo outras preocupações,
“Brazil”, com Z
A palavra caipira costuma ser associada a um sujeito bonachão, de pés no chão, cigarro de palha no canto da boca, fala errada e chapéu na cabeça. Mas será mesmo esse o caipira? Parece que não…
Ser caipira, em nossos dias, é se conformar com a situação, é suportar o insuportável
A Novilíngua
Há um novo linguajar na praça, talvez filho da globalização, que me obriga a refletir cada vez que ouço como se estivessem falando comigo numa língua estrangeira qualquer. Cada vez entendo menos telefonistas, recepcionistas, economistas, aeromoças, jornalistas, enfim, estou me isolando no meio
Blues Inocentes
Abro a janela à meia-noite. O céu escuro, pontilhado de relâmpagos em lugar de estrelas, é quase uma mortalha solene sobre a cidade.
Solto a fera de dentro e farejo o ar molhado em busca de aromas noturnos. Identifico o odor da água sobre o asfalto e da madeira úmida que emoldura a janela.