Da janela parte o meu olhar perdido,
Saltitando a esmo por sobre o muro.
Deste cenário vai além, se faz rendido,
Desvia-se… Põe-se alado, colhendo tudo.
Ah!… E se meu olhar deixasse parado,
Será que o teu, navio em cais seria?
E se mais quisesse,
Tédio
I
Minha alma entedio-se
nas filigranas do presente eu
olhando através de mim
me mirei tempestade
II
A dor por doer roí
entretém as horas idas
satisfaz a alma
brinca de ciranda nas asas da morte
cria catástrofes apocalípticas
porém e só, porém
alimenta-se
Pavana
Vejo em ti o meu reflexo
Nos teus olhos meu espelho
E, quando te falo
Refletem em ti
Minhas palavras
Como se comigo travasse
Silencioso duelo
E, no entanto, audível.
Quando te alvejo
E, portanto, te irritas
Vejo em tua ira
A minha.
Palavra
Palavra,
por que navegas
em teu barco que não compreendo,
com teus remos de metáfora,
em águas tão transparentes
feitas de outras mil palavras?
Palavra,
teu nome é doce,
é fome de quem não come,
música para quem não ouve
e que ruído
Eu Quero
Meu Pai Amado, Oh! Meu Deus Querido!
Aqui estou eu Pedindo em Oração…
Deus, Eu Suplico, escuta o meu pedido,
Quero encontrar urgente a solução…
Meu Deus, eu Creio que pedindo alcanço,
E em prece elevo o pensamento Ao PAI!
Ainda creio, e crendo não
Poemas de José P. Di Cavalcanti Jr.
MOTIVOS, CAUSAS, RAZÕES
São tantos e tantos os motivos,
as causas e as razões…
Posso encolher-me
ao tamanho de uma exclamação
e ser só assim: !.
RECEITA I
Ardiloso e enganador, porém,
o caminho para a coragem.
Reflexões desconexas,
A Uma Princesinha Negra
De dia há sol
luz e calor
suor e trabalho.
O dia é luminoso e bom!
Mesmo assim,
num entardecer tranquilo,
hei de estar
distraidamente
aposentado.
A noite vem de mansinho,
carregada de mistério,
fantasia, sonhos
e magia.
Ópera-Bufa do Carnaval
Em memória aos que se foram,
em especial á Toinho Magriça.
Gatos nas panelas,
gatos escalpelados
tamborins exaltados…
Na maré,
Os marezeiros colocam o bloco na rua,
o trio elétrico Dodô e Osmar tocando
no serviço de auto-falante São Lázaro.
Lá vai o bloco dos
Onde vivem os poetas?
Onde vivem os poetas?
Nos hospícios mentais.
Nas camas dos hospitais.
Nas ruas, nos escritórios,
nos bancos, nas cadeiras, nas cadeias,
nas favelas, nas passarelas, nos becos, nas florestas,
nas escolas, nos homens, nas mulheres, nos olhos,
nas noites, nos
Havia O Cheiro
Havia o cheiro,
cheiro de beijo.
Cheiro molhado de mão esquecida
nas ancas da moça.
Cheiro de moça tão distraída
cheirando a querer.
Havia o cheiro,
cheiro de flores.
Não qualquer flor — uma margarida
sozinha no campo.
Sozinha