Derramaram o azul,
Encharcaram as estrelas,
E o céu, que era mar
Fez-se rio, correnteza.
E as correntes tão frágeis
Que de nuvens são feitas
Não puderam parar
O azul rio de estrelas.
E o azul transbordou
Além-céu, além-mar
E os pedaços
Saber Chorar
Do outro lado da rua
Vi seus olhos mudos
Seus lábio cegos
Suas mãos bondosas
Corri para ver você
Mas foges de mim
Corre desvairada sem rumo
Na fuga eterna
De se conhecer e dedilhar
A vida como quem não precisa
Deixar de louvar
Um
História
Marque-se a fonte do sol nascente.
Espalhe-se uma fieira de farinha amarela pelo caminho
até o ponto do céu que queima os olhos.
Feche-se o livro.
Desligue-se a tv.
Basta então,
dar dois passos à frente,
um à direita,
levantar os braços sobre a
Árvore e fruto
Despenco dos jardins
fruto maduro
traduzo-me
nos fins
regato escuro
Encontro-me nos
dias em que
[juro]
sou árvore antiga
centenária
olhando um pouco em cada
direção
Mulher
feixe de sons
raro instrumento
Tratado
Pó
O pó:
na mesa
na cesta
na fruta fresca.
A mão que limpa
esta existência empoeirada
será o pó do amanhã
na mesa de um alguém.
Quatro Poemas
O Céu do Planeta (II)
dedicado a Filó
Ontem o céu escondeu seus mistérios por detrás
dos flocos de nuvens encantadas, apaziguadas pelo azul.
Que mistérios? Aqueles dos outros céus e outra luz, a dos outros sóis, arquidourada e de outras estrelas, darkblue,
e também
Pilatos
As sacadas: queixos idiotas de prédios.
O mongolismo das ruas sob a maleita
amarelada que brota dos postes, almas
queimadas.
Ando, e comigo andam a morte e a idéia
da morte. Incões. Álacres, sempre bêbadas
irmãs. Esbarram-se com ruído de taças.
“Morreu
Nikos
O navio Nikos afundou na costa
Com carga valiosa:
Quatorze mil toneladas.
O mar da Bahia já não é o mesmo.
Salvaram-se seus guiadores,
Os mestres da oficina…
Já voltaram para o Panamá.
Nas cercanias de Alagoas
o trabalho foi dobrado.
Plantaram-se
Série Flashes e Haicais
cena
à beira-mar
o velho caçador
mira a lebre
sem munição
pede mais um chopp
*************************
flash
meio-dia
e avenida Paulista
vazia
passa a mini-blusa
encobrindo
uma multidão de pecados
Haikais
a chuva estendendo
tapete verde pro sol
musgo na calçada
no belo gramado
um boom
Condições Necessárias e Não Suficientes
Para viver neste mundo,
preciso
fumar Carlton,
ir a Nova Iorque (de preferência assistir a uma peça na Broadway),
beber cerveja,
viajar no carnaval,
passar o reveillon na esbórnia,
ter celular,
trocar de carro todo ano,
falar inglês,
assistir