Jacareí
Cidade quase dormindo no fundo do rio,
coberta de neblina, frio.
São José
Um sol vermelho estampado no farol,
caras de sono,
cidade sem dono.
Caçapava
Quando você me olha de longe assim,
tímida,
ah, caboclinha…
Taubaté
Calada da noite
Estopim emergente
dos malditos
fantasmas
de mim.
Enveredam-se por tudo,
aliciando o vento
a arrastar em correntes
o desejo sufocado .
O teu sorriso some
no poço dos vazios.
Em frações de demência
eles desajustam
as contas,
Talvez
DE PEDRAS ÉS CAPAZ DE FAZER SURGIR ÁGUA,
ESPREMENDO-AS COM AS PRÓPRIAS MÃOS,
PARA QUE ASSIM, POSSAS MATAR A SEDE DA TUA CRIA.
DO NADA ÉS MESTRA EM FAZER SONHOS,
TECENDO UMA TERNA REDE DE FANTASIAS E ESPERANÇAS,
PARA QUE ASSIM O HORIZONTE TRISTE,
TORNE-SE IRMÃO DO ARCO-ÍRIS.
DAS TREVAS CONSEGUES FAZER
Quase-Prece
Ah!…Ele é tão gente que me emudece!
Olhar distante, profundo de quem é mestre.
Faz-me criança em risadas e a vida floresce
Tão lindamente. Inquieto é ele e tão silvestre!
Meus dias espalham-se em cores inusitadas.
Mas ele se põe distraído e sequer reconhece
Que ao me conduzir
Profissão de Fé
No princípio era o Verbo.
Fez-se a Luz,
E o Verbo, de suas cores,
Reverberou.
Fez-se a Água,
E o Verbo, de sua pureza,
Embebedou-se.
Fez-se o homem,
Que pela trilha da Poesia
Enveredou.
Fez-se Poeta
E o Poeta se fez Verbo
E
Pequena Poética Da Nave da Palavra
Quase Uma Elegia
Para Claudia Braga
Que se rompa agora o silêncio da minha dor
e das lágrimas e das queixas em que choro
que este mar corra ao vento, que bem faz
o mar hoje ao vento deste meu acurado
desses patrimônios que são o mar e o vento,
há um tempo,
Masturbação Mental e outros poemas
Masturba mente
Ejaculação [in] verso
Goza poemas
VACA HOLANDESA
Minha vaquinha
Dá mais de dez litros
Mas chuta o balde
PORRE 2001
Nossa alma [de poeta] em desatino
fala baixinho
trocando
a taça
roubando carinho
fazendo pirraça
banhado em pétalas
porre de felicidade
ÁGUA III
Toda água vem
Um Instante de Eternidade nos Limites do Homem
Naquela noite
A lua espelhava
Sem saber se eram
Estrelas ou vaga-lumes
Ou mesmo teus olhos
Ciganos e angelicais
Que me buscavam!
Sem planos
Soltei meus sonhos
Às rédeas largas
A buscar o silvestre aroma
Orlando de encantos
Tua chegada.
Amanheceu.
Um raio de sol
Dividiu as nossas almas.
Retrato da Arte
Hoje pintei um quadro
Não! O quadro me pintou
Num único ato de sensatez,
mostrou tudo o que sou
Acordei com um súbito desejo
de esparramar todo meu pranto
com cores diversas por sobre uma tela
Não quero Monaliza, nem nada doce ou meigo
Não quero
Bailarina
Despi minh’alma
Fiquei-me à espera
Da arte que acalma
Meu pranto quem dera!
Contemplei vôos meus
Meus sonhos sonhei
Aos laços dos traços teus
Por um momento me entreguei
Era bela a bela
Que ali beijei
No abraço dos braços dela
Que sempre desejei
Numa dança meiga e terna
No palco apareceu