A morte tão perto
toco todas as tardes
E percebo a vitória
do dia de ser escolhida
Deixando a carne carcomida
Aos vizinhos mortos
E meu sangue aos morcegos
de medo chorando
E o espírito livre
à luz se misturando
Meus receios são pouco
Toque
no mais alto dos céus
o toque dos sinos
a esperança e a fé
no Deus Menino
no peito dos pobres
ou dos vagabundos
o toque da boa nova
a este mundo.
Viagem Pela Xícara de Chá
O olho da serpente vigia o fundo da xícara de chá.
A baleia morta
Entre as pedras quentes da praia
O sangue do inocente
Banhando o punhal do justiceiro
O grito coletivo de gol em final de partida
A borboleta lilás
Despedaçada no farol do
Salvação e outros poemas
aurora
delírio insano do agora
chave do depois
Pode me chamar de Diamante
Desejo
me manter inteira para a luta
E quero me sentir intacta
força bruta diamante
[visceral]
Para conter em mim toda
e qualquer
parte que reluta em ser alguém
A Loucura e o Viver
Um pedido à lucidez, clamando sensatez.
Pródiga loucura… filha imatura de mim,
bastará um chamado e cessará o acabado…
Deixar-me de vez, é não refletir-me no espelho.
Isso será a morte, será corte mais fundo,
será a gota do absurdo… inundação
Estranho Adeus
Rasga tua boca
em minha faca
sente a dor
prescrever o verso que tu vais gozar
vê sangrar
num canto da tua boca o gosto
do meu beijo
Aí sim
podes pedir que eu me vá
Sol
O céu está triste,
sem brilho
e eu, penalizado
com sua tristeza,
lhe faço companhia.
Vem o sol,
aquece e evapora
a tristeza
que se eleva no ar,
e vai sumindo,
tocada pelo vento.
Minha alma,
então,
também liberta,
navega mares
de felicidade e
alegria.
Uma poesia…
Ouvir música me deixa feliz?
Não, a música me faz sonhar
E foi sonhando
Que eu fiz
Isso que vou te dar
Já está escutando?
Às vezes me envergonho
Tanto
De tudo que sonho
Por enquanto
De tudo que eu quero
Você é meu desejo
O Pântano
Querer saber onde se pisa
é como querer conhecer o infinito.
O íntimo das coisas
é o desconhecido que,
quanto mais se descobre,
menos se sabe e mais se fala.
E, quanto mais se fala,
mais se sabe
o quão pouco se conhece.
Não sei o que fazer,
Laranja Mecânica
às vezes
me desespero
e cometo absurdos
às vezes
simplesmente
fico mudo
não sei
de onde vim
nem por que
assim
me desnudo