Às mulheres
Virgens de mim
De selo e sangue,
Enfim;
Seja complacente
O hímen,
E o homem
Que a tomar depois
Do banho de arroz.
As aurículas e ventrículos
Primeiro eu,
Quando me apaixonei,
Deflorei.
Poema de Papel
I – Livro
Abres um livro
pões-te a lê-lo.
Folheias,
marcas,
sublinhas, se calhar.
Viras-lhe a capa
desdobras
as bandas, se as tiver,
e colocas o livro
no lugar.
II – Folhas
Passas os dedos
no papel claro,
nas linhas finas,
nas notas por apagar.
Vês as frases
Eu Pensei
ainda Paschoal
Pensei que queria um filho teu
E a vida não me deu
Não poderia me dar
Castrada das entranhas
Aqui nada vive.
Tendo você dentro de mim
Descobri que, quando nas águas,
O rio te leva, a água me lava.
De águas, gozos, mares
Seis Poetrix
Assalto
Vendeu tudo barato
No mercado, atacado.
Saiu machucado.
Receio
A novela anual
Tenta vender cd’s
Não tema musical.
Rebaixado
O militar distraído
Quebrou o machado
Era soldado.
Valoroso
Amigo de fé
Um cão jóia
Que late alto.
Fusão
Uma gostosa relação
Acontece quando ocorre
O Poeta e o Mendigo
O poeta e o mendigo.
Será que tem alguma semelhança?
Acho que sim.
Ou vejamos como cada um vê a vida.
O poeta, sonha e escreve.
O mendigo, Sonha e fantasia.
O poeta, poetisa a lua.
O mendigo, tem a lua como teto.
O poeta, fantasia a vida.
O
Soneto Do Amor Perpétuo
Temo-nos um ao outro não pelas carências do agora,
Somos jovens, e firmes são nossos passos.
Temo-nos, sim, por aquelas que o amanhã elabora:
Privações insólitas, precisões agônicas, risos escassos.
Antítese da carne, nosso amor tornar-se-á:
Quanto mais flácida
Quero Imitar as crianças
Eu vi crianças brincado,
Ao lado do meu quintal…
Gritavam, Sorriam, Pulavam
Com um poder genial
Não se preocupavam com Nada!
Não havia lugar para o rancor…
Só sorriam, só Cantavam
Que grande gesto de amor!
Parei, só para ver as Crianças!
Escritura
Tecer versos é, por força,
Fazer sulcos em penedos,
Singrar as pedras todas
Do mar de si ao avesso,
Derramar suores em gotas
No fero vigor do remo.
É ferir à quilha da fragata
As artérias espumosas
Das altas internas vagas,
Navegar por entre as rochas,
Extrair exangues
Poemas de Felipe de Paula
E O TEMPO VAI
E o tempo vai-se
sem ao menos
perguntar
se já
é momento de ir…
Com o mudar
de azul em negro,
com os cheiros do sonho
e da manhã
o tempo morre
e nasce
sem intervalo,
sem que eu possa
fazer e refazer,
Daphnis et Chloé
Daphnis et Chloé
amanhece
da terra molhada
a vida recende
Pã
enfim
é por nós
a folha se abraça
com o vento
dança do tempo
a eternidade é agora