Visitei o meu vovô em Pindamonhangaba no final de 1998, mas, um dia tive que avisá-lo de minha partida. Vovô chorou em silêncio a tarde inteira daquele dia.
Veja como foi:
-Vovô, amanhã estarei indo embora, já comprei passagem e preciso ir. As aulas terão início daqui a poucos dias. Mesmo antes de partir estou pressentindo a saudade que irei sentir do senhor, da vovó, dos tios, de tudo e de todos daqui.
-Filho, “Assim é a vida”.O que fazer? Você precisa ir. Bom seria se pudesse ficar pra sempre junto de nós. Também iremos ficar com saudades de você; foi um prazer mui grande tê-lo em nossa companhia durante todos esses dias de suas férias. E, de antemão pedimos desculpas por não ter lhe tratado melhor!
-Que isso vovô!
Melhor do que me trataram, seria impossível. Não há do que se desculpar, vovô.
Naquele instante olhei pro vovô, e ele também olhava pra mim, vi uma tristeza estampada em seu olhar. Seus olhos inundados e as lágrimas rolavam em seu rosto envelhecido.
Ele me falou:
-Filho, volte logo.
-Sim, vovô. Nas próximas férias, se assim Deus me permitir.
No dia seguinte, logo bem cedo, vovô se levantou, fez o café, já tinha leite quente do dia e um bolo saboroso. Juntos tomamos o café. Aí estava quase na hora de eu partir, ele me pegou com as duas mãos a minha mão direita e me falou:
-Filho, dê nossas lembranças ao seu pai, à sua mãe e ao seu irmão Calebe. E diga a eles que venham também nos visitar. Pra o vovô ir lá, é mais difícil. Peça a Deus pra me dar vida e saúde, quando você voltar, novamente eu lhe farei companhia nas suas pescarias.
-Sim, vovô.
Ele me abraçou e chorou.
Eu já estava pronto pra viajar, me despedi dele e da vovó, parti deixando-os com muita dor de coração. E deixei tudo de bom que havia desfrutado por alguns dias.
O vovô e a vovó ficaram me olhando e dando tchau enquanto o campo de visão nos permitiu. E eu também acenava com a mão, como que dizendo: “tchau vovô e vovó!…”
Adeus! Um dia voltarei, se Deus me permitir!
Até lá! …