Era uma manhã de verão como outra qualquer, o sol havia acabado de nascer para esquentar o frio noturno e eu estava dentro de minha cabana, nas montanhas, isolado do mundo. Os anos de amargura,tristeza, dor, que por mais que quisesse fugir, ainda vivam dentro de mim, me fizeram isso. Eu havia me tornado uma pessoa amarga, sem sentimentos, alguém que era capaz que passar por cima de qualquero utro ser humano para esquecer todos aqueles anos. Por isso me decidi pelo isolamento, pela solidão das montanhas. Vivia uma vida pacata, sem lembrar do passado e sem pensar no futuro e ali em cima, nomeio do nada, não havia ninguém para me fazer sentir mal, não havia ninguém para que eu fizesse mal.
Afinal só havia animais, mas animais não tem a capacidade de pensar e de tramar, por isso havia me acostumado a conviver no meio de todos eles. Naquela manhã, me sentia estranho, mas como sempre fazia, havia me levantado e ido em direção ao lago, ia com grande freqüência a esse lugar pois era muito bom sentir a água gelada em meus pés e ouvir o canto dos passarinhos. Fiquei ali sentado, na beira do lado por algumas horas ouvindo a doce musica do canto dos passarinhos e assistindo ao belo espetáculo das aves voando sem rumo certo e o som da brisa agitando as árvores de forma leve e suave. Já de volta a minha cabana, procurei comer alguns peixes que havia pescado no dia anterior, para passar o resto da tarde assistindo àquele belo e diário espetáculo da natureza que me trazia uma paz muito grande. Eu estava sentado em minha cadeira de balanço, em minha cabana, ouvindo sons que já estava acostumado a ouvir, até que, ouço algo estranho, um som diferente. Quando ouvi aquele som, por algum motivo, meu coração bateu mais forte, me sentia estranho e não sabia porque. Fui até a varanda e notei que havia um carro subindo em direção a minha cabana. Não conseguia ver quem estava dentro do carro, mas aquele som estava me deixando estranhamente assustado. Decidi esperar. Fiquei ali, durante alguns minutos ouvindo o som do automóvel cada vez mais perto de minha cabana e, a cada minuto que ele estava mais próximo, meu coração palpitava mais e mais. Quando o veiculo chegou bem próximo de minha cabana, consegui reconhecer o rosto. Não podia acreditar. Era ela, minha amada. Havia deixado-a a muito tempo atrás quando tive a certeza de sua traição. Todo meu passado de ódio, desamor, infelicidade estava de volta.
Sentia a ferida, acalentada pelo tempo, reabrir, era como se um vulcão que estava fora de atividade por muitos anos de repente explodisse. Eu estava me sentindo perdido, desolado, me ajoelhei e, já em completo desespero, comecei a chorar. Não estava preparado para aquele encontro, mesmo que o esperasse com grande ansiedade. Quando a vi perto de mim, eu gritei seu nome e disse para que ela me deixasse em paz, que não queria ouvir ela dizer que me odiava novamente, então, em um estado de extrema harmonia ela abaixou e disse em meus ouvidos: Eu te amo… Ao ouvir essas palavras fiquei completamente sem reação. Ela, então, me abraçou e entramos na cabana, para nunca mais dizer ADEUS.