Peço desculpas ao brilhante Alberto Dines por “emprestar” o título de seu livro, verdadeira Bíblia em qualquer escola de Jornalismo que se preze, para dar nome ao meu artigo.
O fato é que o Quarto Poder (caramba, que bobagem…!), por princípio tem de ser o agente fiscalizador (e cobrador!) da sociedade a que presta informações, mas principalmente fiscalizador (e cobrador!) dos governos que a regem, e ainda denunciar os inimigos desta sociedade, que a roubam, que a intimidam e a espoliam.
Pessoas que não compreendem o papel do jornal costumam dizer que jornalistas só gostam de notícias ruins porque se um dia elas acabarem, todos nós perderemos nossos empregos, porque notícia boa não vende jornal.
Quanto engano…!
Se surgir algum dia um jornal especializado em publicar apenas notícias boas, de periodicidade semanal, vamos imaginar, aposto como vai vender mais que pipoca em portão de colégio e, com o tempo, vai ter o mesmo número de páginas e anúncios que os grandes jornais do Rio e São Paulo
Desde que comecei a manifestar minhas opiniões sobre a importância da leitura na educação da meninada, via Internet (muitíssimo obrigado a quem me oferece espaço, obrigado mesmo), tenho sido alvejado com informações fantásticas de como o povo deste meu País realiza ações cidadãs, que beneficiam crianças e velhos, gente humilde, e rendem frutos para estas pessoas.
Dia desses, o Globo Repórter abordou estrangeiros que vieram ao Brasil e estão trabalhando duro para ajudar o desenvolvimento de nossa gente mais desprotegida; estrangeiros que atravessaram oceanos para ensinar famílias inteiras a melhorar de vida, e passaram a viver com essas comunidades. Não tem uma única semana em que algum telejornal não veicule pelo menos uma reportagem falando de ações eloqüentes em prol da comunidade. O Sindicato dos Bancários de São Paulo tem o Projeto Travessia, que profissionaliza crianças carentes e já tem emocionantes histórias para contar. O pagodeiro Netinho tem um bom projeto com propostas semelhantes, junto à comunidade onde nasceu e foi criado. Não tem um dia em que programas comunitários não eclodam Brasil afora, quer patrocinados/orientados por organizações não-governamentais (ONG’s), quer por manifestações espontâneas das próprias comunidades, cansadas de esperar soluções oficiais.
Os exemplos são tantos, mas tantos!, que o jornalista Márcio Moreira Alves (dispensa apresentações) lançou recentemente um livro, “Sábados Azuis”, reunindo uma coletânea de experiências bastante alvissareiras realizadas em território brasileiro e publicadas em sua coluna n’O Globo. Um livro que vale a pena conhecer para também conhecer um pouco do país que luta para dar certo e, tomara!, saltar do 3º para o 1º Mundo, sem passar pelo 2º.
O Brasil é muito rico em notícias positivas e se elas não ocupam o mesmo espaço que as notícias negativas é porque as notícias negativas ocorrem em maior número, e também pelas razões que mencionei no segundo parágrafo, sobre o papel do jornal na sociedade.
Embora desconhecido do grande público, o Brasil das boas notícias existe, sim.