Meias Medidas

Não são as medidas das meias ou as meias a serem medidas. É relativo à indecisão ( em cima do muro ) dizem alguns; até de equilíbrio chamam.
Não é o meu forte, apesar de ser libriano. Comigo é tudo “oito ou oitenta”.
Comecei a fumar aos onze anos e, desbragadamente. Na maior parte deste período ( entre os onze e os cinqüenta e dois anos ) , foram quatro maços de cigarros por dia. Algumas vezes, acompanhados por charutos toscanos, cigarros de palha e baforadas nos cachimbos.
-Diminua – diziam sempre.
-Impossível ! Ou tudo ou nada.
Tentei largar, várias vezes. Tarefa irrealizável. Ficava ansioso e, agressivo a ponto de, em casa pedirem para eu voltar a fumar.
Certo dia ( faz mais de um ano ) , fiz as contas e, conclui que em vinte e quatro horas, ficava um intervalo de dez minutos entre um e outro cigarro. Decidi tentar aumentar o intervalo – de dez minutos para dez horas – apenas naquele dia.
-Não larguei de fumar ! – disse a mim mesmo e a quem mais quisesse ouvir. Posso acender o próximo cigarro a qualquer tempo. Mantenho os três isqueiros e os três maços de cigarros (embolorados), nos mesmos locais estratégicos onde estavam naquele dia.
Consciente da ausência de “meias medidas”, passo ao largo – sempre que possível – de mesas de jogo e garrafas de bebida.
Ontem, minha filha Fabíola decidiu que fará um “fondue” no próximo fim-de-semana e perguntou-me que vinho comprar. Precisava de um vinho branco.
– Deixe ! Eu tenho aqui em casa. Procuro mais tarde. – digo-lhe.
Hoje, quinta-feira, dia de Corpus-Cristi, ela e o marido vieram almoçar conosco. E eu aproveito para falar-lhe sobre o vinho.
– Minha filha ! Encontrei o vinho branco mas, terei que procurar outra garrafa. Eu provei aquele vinho e, não vai dar…
– Estava estragado ?
– Bem, não é isso ! Fiquei lendo até mais tarde e, provei o vinho todo.