Dias que Virão

Um dia a gente acorda e pensa que tudo foi um sonho. Lembra com saudade de sorrisos, lágrimas, dias, verdades, abraços. Lembra de tudo num só segundo e com um movimento na face faz parecer tudo um sonho: o sonho da felicidade. Aí os olhos abrem-se de vez e aquela sensação de que tudo fora um sonho passa e vem ela, a saudade…
Sou um estudante, sou um romântico (talvez o último), sou escritor e talvez um ser-humano. Sou o mais claro perfil de alguém que acorda de um sonho bom e descobre que tudo foi real… Se você já tem mais de dezoito anos lembrará, ao ler este texto, de sua época de segundo grau… E se você ainda não acabou o seu, saiba que um dia ficará assim, com esta sensação saudosista…
Passei os melhores três anos da minha vida ao lado de amigos, alimentando sonhos e brincando de amores, jogando futebol, jogando com as responsabilidades. Assim como meus amigos, nunca fui de divertir-me além da conta e por isso não trago vícios para esta minha nova fase. Só que, junto com o fim dos 1900s, acabou-se esta longa e única fase da minha vida. Agora o que vem é dinheiro, faculdade, trabalho, medo. Tenho medo e tenho vontade.
Os dias que virão são para mim uma incógnita, assim como a humanidade treme diante da possibilidade de um Novo Tempo com o ano 2000. Nada mais de crianças ao meu redor, o que verei são jovens, adultos, ávidos por dinheiro, por poder. Nada mais de professores me estendendo a mão, nem de colegas ou amores platônicos. Passa uma fase da vida, passa um século inteiro, fica a história, a saudade, o sonho.
Se agora escrevo, caros amigos, é porque nada sei dos dias que virão. Apenas quero que sejam testemunhas de um sonho… Se um dia, em algum lugar, virem meu nome ou meu trabalho saibam que é fruto de alguém que ousou levar para o mundo real, para o mundo do cifrão, a ingenuidade e a benevolência do segundo grau, do tempo fácil, do tempo bom. Viver é mais que trabalhar.
Viver é mais que sonhar. Mas não podemos viver sem sonhar ou sem trabalhar.
Cuidem bem de mim, dias que virão…