Lanchonete, gente… pessoas diferentes, incoerentes e irreverentes, idéias, gestos, ações… Fuga da vida dura lá de fora, crianças que vendem doces e flores para sobreviver a isso tudo. Mentiras, necessidades, mães, filhos e pais perdidos… Solidão…
A solidão impera em todos, a vontade de ser e ter… A verdade de cada um, solidão… o prazer no desprazer da vida. Eu, você, o mundo sofrido, perdido em si mesmo… Opiniões, divagações, solidões que se completam no nada que é tudo de cada um… Só, é como estão todos, unidos e integrados a todos na solidão de cada ser.
Gente, é isso! Gente que quer viver, mesmo que por segundos, minutos, horas… O importante é viver, é ser, é ter alguém ao lado, para tudo, para nada… viver somente e mais nada… Na lanchonete da avenida, no bar da vida, no boteco da esquina… Viver, crescer, crer… em todos, em tudo… no nada da gente, no nada de todos… em tudo, em nada, na gente, na vida marcada, no encontro casual de todo dia, na lanchonete da avenida, no bar da vida ou no boteco da esquina…
São pessoas de todos os tipos, crenças, ideologias que se fundem num mesmo querer, num mar de pretenso prazer, o sexo, a libidinagem, o gosto pelo corpo semelhante ao seu próprio… Antro, recanto, gueto, homossexuais inatos, pervertidos, por prazer, por sacanagem, por conseqüência, por imposição, por pura e simples consciência do que quer, do que é, e pretende continuar sendo.
Becos, botecos, boates, todo um ambiente que propicia e permite a liberação do ser humano em sua essência, em sua natureza ambígua de macho-fêmea, de androginia, gente como toda a gente, que durante o dia trabalha, corre e se omite, de si mesmo ou das pessoas e quando a noite cai, se transforma como por encanto sob as luzes da cidade sonho, o chamariz dos luminosos, o zum-zum de todos os bares e… são eles mesmos, sem temores, sem receios, com seus “EU” translúcido, transparente, renascendo toda noite, para morrer novamente quando amanhece o dia…