Algumas horas atrás acabei de descobrir um novo mundo assim como Cabral ou Américo. Fiz essa descoberta mais difícil que cruzar os oceanos em precárias caravelas. Quando estava no mastro olhando para o infinito lá estava ela tão verde, tão linda, tão minha e fui aproximando-me e ela me chamava clamava meu nome como quem dedilha a lira . Desembarquei em pequenos barcos para poder pisar, sentir e rolar sobre minha nova descoberta.
O nome desta terra? Dei o nome de âmago ou interior se preferir, sempre esteve tão perto e nunca estivemos juntos. Sempre zelou por meus atos, proferiu tais atitudes e não me disse ou apresentou. Posso dizer que foi paixão maior do que o infinito se é que é possível, demos as mãos com o objetivo de nos amar. Multiplicar tal união. Olhar nos olhos do meu âmago é simples como fechar os olhos, melhor ainda bastava que fechasse os olhos e lá estava ela. Vezes com ondas, talvez escuro porém sempre presente e nunca me deixou sozinho.
Na angústia das madrugadas infelizes ao escutar Chopin minha eterna amada criava imagens para em fim me consolar, dava-me letras para poder escrever e me presenteava com lágrimas que me faziam estar vivo e sorrir.
E no exato momento que me dedico a elogiar o meu interior aqui está este belo ser a fazer com que o fervor da paixão suba a alma e me torne um amante fervoroso disposto a contemplar o amor que não existe, descobrir o tesouro que não foi enterrado, a porta que não é fechada e não deixou uma pobre garota a clamar piedade, correr os sete cantos, escurecer o palco e apagar a luz.
Apenas posso clamar pela gratidão por esse majestoso mundo poder vir a mim e com lábios tão doces sussurrar em meu ouvido que é eternamente minha, ajudando-me a ser alguém, ajudando-me a amar e ensinando-me a sentir.