O que penso, o que sinto, o que vivo só sossegam quando agarrados pela estrutura das letras e pelo ritmo dos fonemas. Daí a minha ansiedade. Quero sempre trazer para a luz da palavra o silêncio do que ainda não foi dito. Que venham gentilmente todas as coisas que me seduzem.
O mar, por exemplo. Esse mundo de água e sal, com ondas que são e não são. Na imensidão, o infinito que costumo buscar sem perder de vista. Na água e no sal, o gosto da vida que adoro e o gosto da lágrima que respeito pelo muito que já chorei e pelo muito que me aquietei. No fluir das ondas, os sonhos que se desfazem e que insisto em buscá-los.
O canto dos Pássaros. Como é bom ouvir o canto dos pássaros nas primeiras horas da manhã, quando tudo ainda é silêncio. Ao que parece, estes sons me devolvem a infância. Que saudades, menina de roça que era, andar na terra molhada com cheiro de mato e assobios do bem-te-vi. Ou então, fugir dessa terra molhada, quando a chuva era forte, com medo da tempestade, de seus relâmpagos e trovões. Os pássaros me devolvem mesmo é a natureza, habitat primeiro, que tão bem comporta a minha pequenez e os meus mistérios.
Escrever: Adoro. Escrevo como quem se joga no papel junto com as emoções mais caras. Ou então quando fantasio por achar a realidade feia ou escassa.
Construção/Reformas.Estou sempre construindo ou reformando os lugares onde moro.Derrubar paredes, alongar ou encolher um ambiente, abrir ou fechar uma janela para mais claridade ou maior aconchego.O que vejo além dessa mistura de tijolo, argila cimento e cal? Quem sabe não sinalize tudo aquilo que é começo e óbvio, longe do fim, que é obra acabada uma casa ou uma vida.
Por fim, realço o meu jeito para cultivar a terra. Sempre fazendo hortas e jardins reais e imaginários até, só para apostar no ciclo de renovação.
PALAVRAS! Como são caprichosas, fizeram-me percorrer todos esses caminhos só para me ver revelar o meu amor e apego à vida.
Salvador(BA)