Um dos romances mais populares do Brasil, O Guarani, de José de Alencar, foi indicado este ano na lista da Fuvest. Para proceder a leitura de tal romance, é bom lembrar que:
Trata-se de romance romântico, um dos três componentes da chamada trilogia indianista de José de Alencar ( O Guarani, Ubirajara e Iracema);
Há nele conteúdo nativista ( valorização da natureza e suas exoticidades) e nacionalista ( louvação do herói Peri, símbolo da nacionalidade, da fidelidade, da bondade, da justiça);
Para ressaltar o componente nativismo, Alencar usa e abusa do descritivismo da paisagem, da flora e da fauna;
O herói Peri é, na obra, a concretização do “mito do bom selvagem”, de Rousseau: quando mais distante da civilização, melhor é o caráter do homem;
Alencar utiliza-se enormemente dos termos em língua tupi, portanto, prefira comprar , para a leitura, uma edição que tenha, ao pé da página, o vocabulário correspondente aos termos;
O próprio autor, em seu Como e porque sou romancista , observa: “N’O Guarani derrama-se o lirismo de uma imaginação moça, que tem como a primeira rama o vício da exuberância; por toda a parte a linfa, pobre de seiva, brota em flor ou folha.” E completa : “N’O Guarani, o selvagem é um ideal, que o escritor intenta poetizar, despindo-o da crosta grosseira de que o envolveram os cronistas, e arrancando-o ao ridículo que sobre ele projetam os restos embrutecidos da quase extinta raça.”
O Guarani é, ao mesmo tempo, um romance histórico e indianista porque seu núcleo diegético é verdadeiro: a vinda da família de D. Antônio de Mariz para as cercanias do Rio de Janeiro. O desenvolvimento da trama é ficcionado por Alencar.