Preste atenção às comparações que podem ser feitas entre os textos Macunaíma, de Mário de Andrade, modernista do primeiro tempo e O Guarani de José de Alencar, romântico. Ambos os heróis podem ser cotejados. De um lado, o “herói sem nenhum caráter” , Macunaíma, nascido numa noite escura, na tribo das Tapanhumas, no Amazonas. Extremamente libidinoso, interesseiro e egoísta, esse herói criado por Mário “dandava pra ganhar vintém”e se divertia “decepando cabeça de saúva”. Seu grito guerreiro é : “Ai, que preguiça!”. Sem sentido de hierarquia ou vocação para o trabalho, pode ser, no entanto, considerado como herói picaresco porque nele não há intenção para ser mau. É apenas um jeito de ser. Mas vai se danar por ser mulherengo, doido por sexo.
Por outro lado, temos o herói ( coloque aqui toda a concepção romântica que você tem do herói) Peri. Concebido 70 anos antes de Macunaíma, você vai encontrar nele o mais legítimo representante do Romantismo. Nele estão canalizados os conceitos heróicos do Bom, Belo, Justo e Verdadeiro. Para ele, preservar Ceci, assemelhada à Virgem, de quem se aproxima com a pureza típica dos bons e sinceros, fiéis e honestos, é tudo quanto ele pretende da vida. O narrador o descreve como forte, inteligente, ágil, altruísta, capaz de oferecer a própria vida em defesa da vida da mulher que ele ama secretamente.
Compare os dois.