Seu texto pode ser bem melhor

“Contra o silêncio e todos os barulhos possíveis, invento a Palavra, esta Liberdade que se inventa e que me inventa a cada dia.”

(Otávio Paz, escritor e filósofo mexicano)

1. Paralelismos e ajustamento de frases:

Há, nas redações para vestibular ou em qualquer outro tipo de urdidura de texto, um problema especialmente sério com relação ao encadeamento das idéias e, quando esse problema se presentifica, normalmente aparece ligado ao mau uso dos chamados conetores ( uso semântico indevido dos conetores).

Nossa abordagem nessa unidade dirige-se ao cuidado que todos temos que observar com o ajustamento das frases, orações, parágrafos no sentido de promover de maneira correta os paralelismos. Em palavras mais simples: a dissertação , pelo fato de “amarrar “sistematicamente uma idéia a outra, precisa, inevitavelmente, de vincular as frases entre si, fazendo, assim, com que o texto progrida de forma precisa, ajustada, sem fragmentações de nenhuma espécie.

Observe os exemplos:

Mecanismo correto:

Ela não só estava desesperada com o fato, mas também com os desdobramentos dele(…).

Observe aqui que ambas as orações se encadeiam e formam um todo sintático e semântico; a primeira oração remete à segunda que a complementa.

Mecanismo incorreto:

Ela não só estava desesperada com o fato, mas também sua família não a apoiava.

Observe nessa segunda construção que, apesar d as orações se encadearem sintaticamente, não existe continuidade semântica assegurada, ou seja, os dois segmentos semânticos não se harmonizam , sequer formam um todo compreensível, embora possam estar interligados como assunto.

Ao escrevermos um parágrafo, encadeamento de orações, devemos estar atentos com relação à unidade da mensagem. Ela deve ser precisa, nunca desnorteadora. É sempre necessário, para a construção de um bom texto, o paralelismo semântico que se conjuga ao paralelismo gramatical. Mecanismos como esse, fundamentais para a elaboração de um bom texto, são indispensáveis.

Paralelismos mais comuns:
Entre as frases, os paralelismos mais comuns são construídos pelos conetores:

e, nem:
“A maioria se limita a confirmar sua presença no leilão e a reafirmar seu interesse na compra da Telebrás.”( Folha de São Paulo)

Não é possível controlar a venda de todos os remédios, nem responsabilizar os farmacêuticos por isso.

isto é, ou seja:
Devíamos cuidar melhor de nossas crianças, isto é, do futuro do Brasil.

É preciso observar os fatos, ou seja, estar atento ao mundo.

ou:
A privatização ou se consegue agora ou nunca mais será alcançada.

não só… mas também…
Não só esteve muito doente, mas também muito aborrecido.

mas
O país esteve à beira do caos político, mas pôde recompor-se em curto prazo.

Sem conetores as idéias também se encadeiam:
Nas chamadas orações coordenadas assindéticas, a ausência de conetores aparentemente implica em uma certa liberdade de pensamento. Aparentemente, porque as assindéticas tem planos semânticos idênticos às sindéticas:

Os planos de Saúde no Brasil não obedecem normas, não atendem como deviam, não pagam cirurgias reparadoras, não estão atentos à necessidade dos segurados.