A Fuvest , para o vestibular 2000, indicou a leitura de A Ilustre Casa de Ramires, de Eça de Queirós. E Eça de Queirós, da mesma forma que Camões e Machado de Assis, quando indicado costuma aparecer mesmo.
Que tal começar a ler o livro que será por nós analisado na próxima quinzena?
Dicas pra leitura:
1. Trata-se de romance realista português, publicado em 1900;
2. Este romance pertence à terceira fase do autor, uma fase de abrandamento na crítica que Eça costumava fazer à sociedade portuguesa, sobretudo à pequena burguesia lisboeta;
3. Há certa condescendência do autor ao julgar um Portugal ainda conservador;
4. Narrado em terceira pessoa, por narrador onisciente que jamais se identifica durante a história, o tempo descrito é a segunda metade do século XIX;
5. O protagonista da história é Gonçalo Ramires.
Tal romance, como dito no item 2, é fruto do que se possa chamar de “obra madura”do autor , o que o reaproxima dos temas nacionais. Desse mesmo período há outro romance importante: A Cidade e as Serras.
Observar no texto:
1. Emprego de frases curtas, cortantes pelo tom;
2. predomínio do uso da ordem direta, Eça dispensou a ordem inversas, os hipérbatos;
3. A pontuação é feita sem apego às normas tradicionais: Eça pontua como quem conta o fato, em linguagem concisa, clara, dinâmica;
4. Há ainda no livro uma ironia fina que o perpassa e instiga o leitor; 5. Uso do discurso indireto livre; e
6. Intensa caracterização das personagens através do descritivismo.
Obs: É comum que o leitor ainda não acostumado a Eça de Queirós reclame do excesso de detalhes. Bom lembrar que o Realismo tinha o propósito de fazer denúncias dos hábitos sociais, costumes pessoais, sociais. Então, o romancista atribuía-se o papel de um “retratista”, minucioso e fiel à realidade, fotógrafo de seu tempo, hábitos. E, diga-se de passagem, um crítico mordaz.
Até a próxima. Leia a análise deste livro na edição nº 3 da nossa Nave da Palavra