Abra as Janelas

Abra as janelas
A menina passa
Num vestido branco,
Leve, transparente
Inocente ar
Descalça, pulando amarela
Cabelos compridos,soltos
Vento a balançar
Sorrindo, gargalhando
A menina está cantando
Abra as janelas
A menina está passando.

Águas Mortas

Que seja o destino das águas quebrar a monotonia dos mares,
sejam antes desviadas para deixar fertilidade e vida por onde passam.
Ruy Câmara

Só agora, livre dos murmúrios que me perseguiam a eito, posso sentir o quanto é difícil cruzar a barreira da ficção enquanto a reflexão teórica ameaça Leia mais

O Açúcar Não é Tão Doce

Descobri há muito que os sábados podem ser períodos de grande atividade mental. Um vislumbre de tranqüilidade após as semanas corridas em que os tantos papéis se confundem, sufocam e impedem alguns olhares mais aprofundados para dentro de nós, que precisamos tanto disso às vezes. Em meio a Leia mais

Teoria do Gesto

Naquela ilha, que durante muitos e muitos anos julgaram tratar-se de um continente, e chegaram mesmo a crer que flutuava sobre um mar de monstros e quimeras, seus habitantes, bípedes que, por mero capricho de algum deus bêbado, podiam pensar, logo cedo tiveram que lidar com a morte. Sim, morte-morte, Leia mais

Marcos, o iluminado – parte 2

(VIAGEM MUITO DOIDA PELOS ANOS SESSENTA)
2
COMO SE CONHECERAM OS QUATRO AMIGOS
Por uma conjugação de circunstâncias – morarem na zona Sul do Rio de Janeiro e passarem as férias na cidade serrana de Teresópolis -, a partir da mais tenra adolescência, Marcos “Quatro Leia mais

Palavras

Pouco valem as palavras
quando dormem em poemas;
certamente quando escrevo
flor, pássaro, mar, amor
estarei fora do mundo
e assim essas palavras
que em poesia me entorpecem
não me convencem na vida:
não têm valor facial,
não são paracetamol
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Histórias de Crianças

1 – O BUCHO E A BUCHA
A tia-madrinha convidou Danilo para almoçar em sua casa. Tinha feito dobradinha e o menino estava se regalando de tanto comer. Era muito esperto e seus três anos de idade se perdiam em seu tamanho. Terminada a fome, pediu:
– Tia, você me dá uma muda Leia mais

Poemas de Rita Sá

I – A Morte do Sorriso
Que havia sido
O sorriso
[o meu]
Que te prendera
E agora
Que já não sei mais
Como re-sorrir
Perco-te
Num rosto fechado
[endoidecido]
Sobre o nada

II – Aquarela
Pôr do Sol
Pôr de mim
Fim de tarde
[Meu]
Em ti

III – Veia
Rio
Corrente
Queima
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