Venenos e venenos

Quando Seu Alberto casou com Dona Marta, já se foram dez anos, o bairro de São Mateus viu uma grande festa. Ele era o Betinho, motorista da funerária, ela era Martinha, professorinha da escola da prefeitura. Os dois crescidos no lugar, estudaram no mesmo colégio e freqüentaram os mesmos bailes Leia mais

Sísifo e Outros Poemas

No princípio
Era a pedra:
Insônia olheira despertador
sol jornal
bom dia automático
mesa papéis telefone Internet
banco
duplicata impostos INSS
cliente
rua trânsito
horas morosas
calor suor lenço na testa
bocejo sono desânimo
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Escrever se aprende… escrevendo!

Você acha mesmo que eu inventei o título acima?
Que nada, é do Padre Vieira, sermonista barroco.
“Como se aprende a escrever?
– Escrevendo…
Como se aprende a esgrimir?
– Esgrimindo…”

E eu brinco com meus alunos e digo: escrever e coçar é só começar…

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Poetas do Acaso

Poetas do Acaso
Uma mesa de bar
em nenhum lugar
nenhuma estrela
nenhum luar
Poetas do acaso
perdendo a razão
nenhum argumento
nenhuma ilusão
Copos quebrados
mulheres sorrindo
um casal conversa
e ninguém se importa
Ele Leia mais

Condolências para Otto Francis

Morreu Otto Francis, que vocês conheceram de linhas impressas ou de ouvir falar.
Morreu meu amigo Otto Francis. Morreu aos três segundos do dia 1 de janeiro de 2001, ao mesmo tempo em que, no Rio de Janeiro, nascia uma criança sob os holofotes já das câmeras. O primeiro defunto do milênio Leia mais

Flor do Deserto

“Olha em relevo, estes sinais em mim, não das carícias (tão leves) que fazias no meu rosto: são golpes, são espinhos, são lembranças…”
Carlos Drummond de Andrade
Ele ia de um lado ao outro, se misturando naquele frenesi de pessoas, fingindo outras preocupações, Leia mais

“Brazil”, com Z

A palavra caipira costuma ser associada a um sujeito bonachão, de pés no chão, cigarro de palha no canto da boca, fala errada e chapéu na cabeça. Mas será mesmo esse o caipira? Parece que não…
Ser caipira, em nossos dias, é se conformar com a situação, é suportar o insuportável Leia mais

Itamália

Quando Itamália enlouqueceu,
Pôs-se no Liberdade a sonhar…
Queria briga com o Rei,
Queria aos mineiros um mar…
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se em farda e lamaçal…
Brancaleone tapuia ensandeceu,
No chafariz pôs um submarino a singrar…
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A Novilíngua

Há um novo linguajar na praça, talvez filho da globalização, que me obriga a refletir cada vez que ouço como se estivessem falando comigo numa língua estrangeira qualquer. Cada vez entendo menos telefonistas, recepcionistas, economistas, aeromoças, jornalistas, enfim, estou me isolando no meio Leia mais

A Mão do Destino

Uma História com 5 dedos e uma Palma
Primeiro Dedo – O Polegar
Saiu batendo a porta com toda a força.
Repetiu sem pensar o mesmo gesto de sua Mãe, que deixando a casa, trancara o coração de seu Pai, plantando sonhos e pesadelos no peito de um rapaz atordoado.
Tudo Leia mais