Meus senhores, estou cansada.
Acabo agora de chegar à boca de cena e não venho representar, não faço parte da peça.
Venho contar-vos da vida, do que se passa lá fora numa outra trajectória onde uma outra geração está em busca de compreensão.
Por favor, oiçam-me senhores.
Um Breve
Então o cavalo tinha uns pregos, debaixo dele.
Pregos??
É…pregos; como faquir, saca? Quando ele deita sente os pregos.Saca?
Não.
O pau deles fica sempre duro e como tem de correr, os caras botam um breve.
Breve?
É, breve contra tesão. Sacou? Você não
Menino na rua
Sai o sol,sai a lua
E tem sempre um menino na rua
Nasce o sol, nasce a lua
E tem sempre um menino na rua
Até quando isso continua?
Ninguém pode dizer,
pois nenhum de nós sabe sofrer
como aquele que está sempre
a fome a ver.
Coisas Importantes em Nossas Vidas Cheias de Coisas…
É engraçado o jeito como as coisas acontecem nas vidas das pessoas e como as pessoas reagem – e convivem – com essas coisas em suas vidas. Com “coisas” quero dizer muitas coisas (Ops!) e há várias maneiras de serem ditas, geralmente mal compreendidas ou erroneamente interpretadas.
Serviço Limpo
[Percorro o corpo de Anita com a face cega e inoxidável, brincando de desenhar como um menino sobre mundo pautado do caderno escolar. Desenho dragões e espadas invisíveis aos olhos dos outros; rabisco enormes caralhos de vento nas costas dela; punhais e chumaços de fogo. Flores amarelas compradas
A Casa do Sapo
Se eu fosse resumir minha infância em poucas imagens, diria que ela iniciou-se e prosseguiu em uma foto: a de uma casa, tal e qual tantas outras parecidas, da periferia de São Paulo, mais especificamente no bairro do Sapopemba, que só é lembrado pelos políticos por ser a maior concentração
Flanelinhas e Andantes
Qualquer motorista ou pedestre, encontra, pelas ruas cálidas da cidade, dezenas de pedintes, andantes e vendedores infelizes de chocolates, balas, panos e de inimagináveis produtos, nas esquinas, nos cruzamentos, sob as pontes, nas quadras, sob os edifícios e em tantos outros lugares conhecidos
As Cidades Invencíveis
Por essas ruas que não tem chão,
corre a criança com seus pés incansáveis (…)
Cecília Meirelles.
Rua do Fogo. A placa com o nome da rua incendiou minha memória. Flanando por Parati, reencontrava intacta aquela ruela sensual, sem calçadas; árvores, folhas, plantas;
Lugar-Comum
Gente! Enfim um espaço. Um canto. Onde poderemos dizer alguma coisa sem outro objetivo que não divulgar um pouco de conhecimento. Claro, não vai ser fácil, porque quem garante que há interesse em aprender alguma coisa além dos segredos do computador, de como utilizar o caixa- automático, de
Marcos, o iluminado – parte 4
(VIAGEM MUITO DOIDA PELOS ANOS SESSENTA)
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É ISSO AÍ, BICHO!
Freqüentes vezes, Renato tentara deixar a barba crescer para ocultar sardas e espinhas que pontilhavam seu rosto, mas a emenda saía pior do que o soneto, já que sua barba mostrou-se cheia de falhas. Renato pesava ligeiramente