Longe não mais te achar

Fiquei,
na direção oposta em que foste,
em que estás,
ido…
Verbos conjugados de forma
que estranha parece,
pena, ao vento, arrancada
e significados todos,
quaisquer, algum,
um.
Ardem,
nos violinos, os arcos?
Só pergunto
porque me corta a música,
atordoa-me
qual desespero de lágrima.
Eu não sei pois sei que nada fui
além do que fui em ti…
Não sei
tanto quanto folha caída,
até dourada,
não sabe primavera
sendo toda a flor que será.
Eu não sei pois, de ti, nada além já não mais sou
e precipito-me,
queda de noite.
Olhos meus, pássaros,
sul que não te encontro,
calmas distantes, ares teus…
e escrevo-me,
número que só se desnuda por zero
ou por si,
feito inexatidão.
Poemas, prosas,
sem horizontes, relatos horizontais;
arremedo de asas, tantos verticais…
Aqui, ali,
para ninguém escrevo
porque rabisco e me rabisco.
Depois, alguém, sempre tu,
e ainda sempre me escrevo
e mais rabisco e me rasuro só tanto
tanto só a escrever só para mim.
Ido,
na direção oposta em que foste,
em que estás,
fiquei…