Morte

Já escrevi sobre vários corpos, várias bocas já me beijaram
Em minhas curvas, lábios, pele, seios, e em meu rosto
Muitas mãos já passearam, e me provaram e… me amaram?
Talvez eu não tenha deixado, talvez eu não tenha dado
Tempo de sentir, mas sempre há tempo para descobrir
A dor, o gosto, o medo que me faz fugir
Antes que aconteça
Antes que você me conheça
Eu me escondo e crio motivos para me justificar
Medo de amar, medo de me entregar, medo de ser
E não mais saber
Voltar
Um caminho sem volta, uma rua sem saída
Um segredo, uma cicatriz, uma ferida
O pessimismo não me atrai
E o ceticismo é amargo, e eu quero acreditar
E continuo a sonhar
Mas o medo não me sai
Do corpo, da cabeça
Será que existe? Alguém que eu goste de conversar
E dar e receber, palavras e prazer
E antes que aconteça
Antes que eu conheça
Alguém que possa me quebrar e entrar
Em meu mundo, tão trancado, tão particular
Fechado pelo medo, e não por egoísmo
Medo de sofrer, medo de ser
Machucada, e medo também
De maltratar as pessoas com meu hedonismo
Aparente, aparentemente eu vou ser assim
Sempre. Nada é o que parece…
Me levar à sério? Esquece.
Esqueça o que eu quero, esqueça o que pareço
Pareço hedonista? Infantil, doce, imatura, eu não
Me conheço? Realista, aberta, fechada? Em vão
Tento encontrar respostas, e eu me esqueço
Como entrar em mim? Até para mim é obscuro
Só sei que eu não sou como pareço
Ser, e ainda procuro
Descobrir como parecer
O que eu sou? Eu estou
Chorando por perceber
Que eu me envergonho
Da minha covardia
E tudo que eu sonho
Amor e poesia
Acredito sem coragem de dizer
Que é só o que quero conhecer
“Ora, nem mesmo as flores morrem completamente. Quando as rosas murcham, de suas doces mortes são feitos os mais doces perfumes…
E tu, que és a minha rosa, não deves falecer sem deixar a tua forma na Arte.
Pois a Arte é o próprio segredo da alegria.” (Oscar Wilde)