Eu e o Poeta

Tomo o poeta em minhas mãos
Tento penetrar em seus mistérios
Mas sua poética dura
É texto opaco.
A confusão dos meus olhos
Afeitos a ver no externo
Não consegue ler nas entrelinhas
O dentro dos mistérios.
Embotado embrutecido
Não consigo expressar
A minha ebulição interna
Transbordando ansiedade.
Pleno de couraça, resisto.
O peso dos gestos expressa
A paquidérmica luta
Entre o que sinto e sou
E o meu desnudamento.
Não consigo, mesmo lutando,
Tirar a roupa e, como o poeta,
Mostrar todas as minhas cicatrizes.