Florbela

Que razão pode ter o amor que nasce
E escolhe para dar fruto a uma flor
Que não quer desabrochar pra mim?…
Nem mesmo a fruta, mais adoucicada
Quando madura, tem a poupa mais doce
Do que seria ter minha vida junto da tua.
Quando imagino, sonho…
Tu me farias ver o que não sei sozinho:
O jardim abandonado com a rosa nova,
O campo ensolarado onde antes chovia…
O campo é minha vida; e a chuva,
Minha tristeza, que é não poder
Mostrar a quem amo minha não-vista alegria.
– Essa flor do começo és tu, minha querida…
Quem eu quero tanto, também.