Toda chuva é pouca,
toda nuvem, louca
invenção de vento.
Todo o tempo é tanto,
e tão doce o encanto
que, do pensamento,
somente uma voz
– todos nós a sós –
um só instrumento
cantará a saudade
de uma eterna tarde
feita movimento.
E o mar solitário,
num bailar tão vário,
recuará no tempo
às eternas vindas
das espumas findas,
ao primeiro vento,
nos trazendo em flor
a primeira cor
do deslumbramento.