Dialética Dos Corpos

A ígnea expressão dos desejos incandescentes
– Dialética dos corpos frementes-
Compõe o nosso universo:
Duas formas num ausente absterso.
Olhos que se cerram.
Lábios que se procuram
E se perdem na ânsia da carne,
Na volúpia do cerne,
Na curiosidade lasciva
Que navega à deriva.
O ritmo mútuo
– Quase ininterrupto –
Dos arquejos
Rege e revela o adusto
Poema dos beijos.
A sede cálida,
Que aflora do manancial
Indomável da paixão,
Expõe um verso imaterial;
Um toque inefável do coração.
E os corpos não se rendem…
A fome mais e mais pungente
Traspassa muralhas,
Rasga correntes…
É o sol cingindo a aurora;
É um betume que fende a alma
E uni os corações sedentos
Num pulsar único,
Num silêncio atônito,
Num renascer infinito…